Existe um antigo conto sobre um rei cujo povo estava se mostrando indolente e arrogante. Insatisfeito com este estado de coisas, ele esperava lhes dar uma lição. Seu plano era simples: colocaria uma pedra bem grande no meio da estrada principal, bloqueando totalmente a entrada para a cidade. Depois se esconderia ali perto e observaria as reações dos súditos.
Como reagiriam? Se juntariam para removê-la?
Ou desanimariam, desistiriam e voltariam para casa?
Cada vez mais decepcionado, o rei observou súdito após súdito deparar-se
com o obstáculo e voltar atrás.
Passaram-se muitos dias até que um camponês solitário aproximou-se a
caminho da cidade. Ele não virou as costas. Pelo contrário, forçou e forçou,
tentando tirar a pedra do lugar. Então, teve uma ideia: procurou num bosque ali
perto algo que pudesse usar como alavanca. Finalmente, voltou com um galho grande
que havia talhado na forma de um pé de cabra e usou-o para desalojar da estrada
a rocha maciça.
Debaixo da pedra havia uma bolsa com moedas de ouro e um bilhete do rei,
dizendo:
O obstáculo no caminho é o caminho. Jamais esqueça: dentro de cada
obstáculo existe uma oportunidade para melhorar a sua condição.
O que o impede?
O Físico? Tamanho. Raça. Distância. Incapacidade. Dinheiro.
O
Mental? Medo. Incerteza. Inexperiência. Preconceito. Talvez as pessoas não o
levem a sério. Ou você se ache velho demais. Ou lhe falte apoio ou recursos
suficientes.
Seja o que for, aqui está você. Aqui estamos todos.
Estes são obstáculos. Entendo. Ninguém está negando isso. Mas passe os
olhos na lista daqueles que vieram antes de você. Atletas que eram baixos
demais. Pilotos que não enxergavam assim tão bem, e outros tantos casos. Bem,
uma grande parte desistiu. Mas uns poucos, não. Eles tornaram-se “duas vezes
melhor” como um desafio. Exercitaram-se mais. Procuraram atalhos e pontos fracos.
Discerniram aliados entre rostos estranhos. Foram chutados um pouco de um lado
para o outro. Tudo era um obstáculo que eles tinham que jogar para cima.
Dentro desses obstáculos havia uma oportunidade. E eles se apossaram
dela. Fizeram algo especial por causa dela. Podemos aprender com eles.
Todas as grandes vitórias, seja na política, nos negócios, nas artes ou
na sedução, envolveram a solução de problemas espinhosos com um potente
coquetel de criatividade, concentração e ousadia. Quando você tem uma meta, os
obstáculos, na verdade, o ensinam a chegar aonde você quer – talhando o seu
caminho. “As coisas que magoam”, Benjamin Franklin escreveu, “instruem.”
Hoje, a maioria dos nossos obstáculos são internos, não externos. Em vez de inimigos hostis, temos tensões
internas. Temos frustração interna. Temos expectativas não satisfeitas.
Aprendemos o que é impotência. E ainda temos as mesmas emoções insuportáveis
que os humanos sempre tiveram: tristeza, dor, perda.
Muitos dos nossos problemas se originam de termos demais: rápida
obsolescência tecnológica, comida sem valor nutritivo, tradições que nos dizem
como devemos viver nossas vidas. Somos permissivos e qualificados, mas tememos
conflitos enfraquecedores da personalidade. Fartura pode ser o seu próprio
obstáculo, como muita gente é capaz de comprovar.
A nossa geração, mais do que nunca, precisa de uma abordagem para superar obstáculos e prosperar em meio ao caos. Uma abordagem que ajudará a virar ao contrário os nossos problemas, usando-os como telas nas quais pintar obras-primas. Esta abordagem flexível é adequada para um empreendedor ou um artista, um conquistador ou treinador, seja você um escritor lutando para sobreviver, um erudito ou mãe de um jogador de futebol esforçado.
Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.
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