Talento é a habilidade para colocar em prática o que está na sua mente. Não há outra definição para isso. F. SCOTT FITZGERALD
Steve Jobs ficou famoso pelo
que os observadores chamaram de seu “campo de distorção da realidade”. Em parte
tática motivacional, em parte puro impulso e ambição, este campo o fez
notoriamente uma pessoa que rejeitava frases como “Não pode ser feito” ou
“Precisamos de mais tempo”.
Tendo aprendido cedo na vida que a realidade era falsamente limitada por
regras e concessões ensinadas às crianças desde pequenas, Jobs tinha uma ideia
muito mais agressiva do que era ou não possível. Para ele, quando você levava
em conta visão e ética do trabalho, boa parte da vida era maleável.
Por exemplo, nos estágios de desenho de um novo mouse para um futuro
produto da Apple, Jobs tinha grandes expectativas. Ele queria que o mouse se
movesse fluidamente em qualquer direção – um avanço para qualquer mouse naquela
época, mas um engenheiro chefe ouviu de um de seus projetistas que isso seria
comercialmente impossível. O que Jobs queria não era realista e não
funcionaria. No dia seguinte, o engenheiro chefe chegou ao trabalho e viu que
Jobs havia despedido o funcionário que dissera isso. Quando o substituto
chegou, suas primeiras palavras foram: “Eu posso construir o mouse.”
Esta era a visão de realidade de Jobs no trabalho. Maleável,
irredutível, autoconfiante. Não no sentido delirante, mas com o propósito de
realizar alguma coisa. Ele sabia que mirar baixo significava aceitar
realizações medíocres. Mas altas aspirações poderiam, se as coisas dessem
certo, criar algo extraordinário. Ele era Napoleão gritando para seus soldados:
“Não haverá Alpes!”
Para a maioria de nós, essa confiança não é fácil. É compreensível.
Tantas pessoas em nossas vidas pregaram a necessidade de ser realista ou
conservador, ou, pior – não sacudir o barco. Esta é uma enorme desvantagem
quando se trata de tentar grandes coisas. Porque embora nossas dúvidas (e
inseguranças) pareçam reais, elas têm muito pouca relação com o que é ou não é
possível.
Nossas percepções determinam, num grau incrivelmente alto, do que somos
ou não capazes. De muitas maneiras, elas determinam a própria realidade. Quando
acreditamos mais no obstáculo do que na meta, qual deles inevitavelmente
triunfará?
Pense, por exemplo, nos artistas. É sua visão e voz únicas que fazem
avançar a definição de “arte”. O que foi possível para um artista antes de
Caravaggio e depois que ele nos assombrou com suas obras-primas sombrias foram
duas coisas muito diferentes. Conecte qualquer outro pensador, escritor ou
pintor em sua própria época, e o mesmo se aplica.
É por isso que não devemos ouvir muito de perto o que as outras pessoas
falam (ou o que a voz em nossas cabeças diz também). Vamos nos ver errando, com
o risco de não realizar nada.
Um empreendedor é alguém com fé em sua habilidade para fazer algo onde
antes não havia nada. Para ele, a ideia de que ninguém jamais fez isso ou
aquilo é algo bom. Quando recebem uma tarefa injusta, alguns veem isso
corretamente como uma chance de testar seu estofo – de dar tudo que têm,
sabendo muito bem como será difícil vencer. Eles veem como uma oportunidade
porque, com frequência, é nesse estado desesperador de nada-a-perder que somos
mais criativos.
Nossas melhores ideias vêm daí, onde obstáculos iluminam novas opções.
Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.
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