Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Neste
fim de 2022, as coisas se encavalaram, quatro efemérides estão nos estressando:
Natal, Copa do Mundo, Ano-Novo e política. Calendário sobrecarregado, dias com
poucas horas.
Os
comerciantes, por exemplo, não sabem se enfeitam as lojas para o Natal (25 de
dezembro será o ápice) ou para a participação do Brasil na Copa do Mundo (17 de
dezembro finaliza). Depois, teremos ano novo e posse do novo presidente da
República. Haja cérebro para tanta tensão.
Quem
organiza a festa de Natal em sua família deve estar com problemas, porque no
decorrer desses quatro anos tenebrosos, pessoas brigaram, deixaram de
conversar, até casais se separaram. O ódio tomou conta do pedaço. Não desista,
traga os briguentos de volta.
Na
Copa do Mundo, não deixe de torcer pelo Brasil no futebol. A bandeira, o
verde-amarelo e o hino são de todos os brasileiros, não têm dono. Quiseram
sequestrar tais símbolos, achando que só eles são patriotas. Leia o que Rui
Barbosa escreveu, a pátria somos nós.
Papai
Noel é vermelho, cor detestada por bolsonaristas. Talvez busquem velhinhos
vestidos como patriotas em Santa Cantarina, o estado em que o desempenho de
Bolsonaro foi melhor nas urnas. Provavelmente, desprezarão a Lapônia.
Em
Araçatuba, há a rua do Fico, comercial. Lá ninguém fica com ninguém. Trata-se
de uma homenagem a Dom Pedro I. Os comerciantes daquela rua cruzaram os dois
eventos, enfeitaram a rua com bandeirolas verde-amarelas, construíram um teto.
Virou carnaval, mas é melhor do que nada, deixar a rua lambida, sem enfeite
algum.
Já
entendi por que o presidente derrotado não quer passar a faixa presidencial ao
vencedor. Como ele se acha dono das cores do Brasil, que colorem a faixa
presidencial, entregando a insígnia ao vencedor em primeiro de janeiro, ele
acha que quem passa a ser o dono das cores será o Lula. E ele e os
bolsonaristas terão de usar mesmo a cor preta, indicativa de luto.
Então,
caro leitor, no Natal, esperamos que você reúna a família e traga toda a clã
para terminar com desavenças familiares criadas por causa das eleições. O
discurso do amor é mais operacional, o ódio é inoperante.
Há
gente que é contra essa minha sugestão, mas eu guardo uma frase do falecido
padre Lauro Franco dita na década de 80: Hélio, não deixe a política tomar
conta de sua alma (ou vida). O perdão e a reconciliação cabem em qualquer
espaço da vida.
No
dia de Ano-Novo, comemora-se também o Dia Mundial da Paz, e Lula tomará posse
da presidência da República. Com democracia e paz, o Brasil tem condições de
resolver os seus problemas.
Saibamos passar por essas quatro efemérides com sabedoria.
3 comentários:
Escreve bem. É bom ler. Sim que a sabedoria nos conduza.
Falou tudo👍
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