AGENDA CULTURAL

1.12.22

Ame tudo o que acontecer: amor fati - Gervásio Antônio Consolaro

Minha fórmula para grandeza num ser humano é amor fati: que não se queira que nada seja diferente, não no futuro, não no passado, não em toda a eternidade. Não suportar meramente o que é necessário, menos ainda ocultá-lo... mas amá-lo. – NIETZSCHE

      Aos 67 anos, Thomas Edison voltou para casa cedo, uma noite, depois de mais um dia no laboratório. Pouco depois do jantar, um homem entrou correndo em sua casa com notícias urgentes: tinha começado um incêndio no campus de pesquisa e produção de Edison a poucos quilômetros dali.

      Carros de bombeiro de oito cidades vizinhas correram para o local, mas não podiam conter as chamas alimentadas pelas estranhas substâncias químicas nos vários prédios, chamas verdes e amarelas lançavam-se à altura de seis ou sete andares, ameaçando destruir todo o império que Edison havia passado a vida construindo.

     Calma, porém rapidamente, Edison aproximou-se do incêndio, por entre centenas de observadores e funcionários arrasados, procurando o filho. “Vai buscar sua mãe e todos os amigos dela”, falou ao filho com excitação infantil. “Eles nunca mais verão um incêndio como este.”

O quê?!

     “Não se preocupe”, Edison o acalmou. “Está tudo bem. Só nos livramos de um bocado de lixo.”

     Foi uma reação espantosa. Mas, pensando bem, não havia realmente outra resposta.

    O que Edison deveria ter feito? Chorar? Ficar zangado? Abandonar tudo e ir para casa?

    De que, exatamente, teria servido isso?

    Você sabe a resposta agora: de nada. Portanto, ele não perdeu tempo se lamentando. Para fazer grandes coisas, precisamos ser capazes de suportar tragédias e reveses. Temos que amar o que fazemos e tudo o que isso acarretar, bom ou mau. Temos que aprender a encontrar alegria em cada coisa que acontecer.

     Claro, havia mais do que apenas um pouco de “lixo” nos prédios de Edison. Anos e anos de inestimáveis registros, protótipos e pesquisas viraram cinza. Os prédios, que haviam sido construídos com o que supostamente era concreto à prova de fogo, tinham sido segurados por apenas uma fração de seu valor. Pensando que estavam imunes a tais desastres, Edison e seus investidores estavam cobertos por apenas um terço dos danos.

     Ainda assim, Edison não ficou inconsolável, não como poderia e provavelmente deveria ter ficado. Em vez disso, o incêndio o revigorou. Como contou a um repórter no dia seguinte, ele não estava velho demais para começar de novo. “Já passei por muitas coisas como esta. É o que impede um homem de se sentir entediado.”

      Em cerca de três semanas, a fábrica estava parcialmente de pé e funcionando. Em um mês, seus homens estavam trabalhando dois turnos por dia, produzindo novos produtos que o mundo jamais vira. Apesar da perda de quase 1 milhão de dólares (mais do que 23 milhões em dólares atuais), Edison reuniria energia suficiente para fazer quase 10 milhões de dólares em receita naquele ano (mais de 200 milhões de dólares hoje). Ele não só sofreu um tremendo desastre, mas se recuperou e reagiu espetacularmente.

        O próximo passo depois de descartarmos nossas expectativas e aceitarmos o que nos acontece, depois de compreendermos que certas coisas – principalmente coisas ruins – fogem ao nosso controle, é este: amar o que nos acontecer e enfrentar isso com infalível alegria.

     É o ato de transformar o que devemos fazer no que conseguimos fazer.

     Colocamos nossas energias, emoções e esforços onde terão real impacto. Este é o lugar. Vamos dizer a nós mesmos: Isso é o que eu tenho que fazer ou suportar? Bem, eu poderia também me sentir feliz com isso.  

Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.                      g.consolaro@yahoo.com.br  

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