AGENDA CULTURAL

17.12.22

Casa de pensão - a vida estudantil

 


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

Casa de Pensão, livro de Aluísio de Azevedo, escritor maranhense, foi escrito em 1884, cujo autor representa o Naturalismo, movimento literário que conviveu com o Realismo.

Realismo-Naturalismo, diferentes do Romantismo, não fantasiavam a realidade. Foi uma época em que a visão científica estava na moda e uma visão pessimista da sociedade e do ser humano predominava. 

 “O mulato” (1881), um dos mais importantes romances do escritor, tinha herói, personagem principal. O espaço geográfico da história é o Maranhão. Como abordava a temática do negro na sociedade maranhense, o escritor era abolicionista, sua visão crítica da realidade foi violentamente rejeitada na província. Evoluímos quase nada sobre a questão racista no Brasil.  

Morando no Rio de Janeiro, Aluísio de Azevedo  escreveu “Casa de pensão” (1884), que tem ainda a personagem principal, Amâncio, mas que se vê sufocado pela personagem coletiva: a casa de pensão, um lugar não tão mórbido quanto um cortiço, mas promíscuo. O determinismo de Hippolyte Taine começa ganhar forma na obra do autor brasileiro.  

 

Casa de Pensão é um ensaio de Aluísio de Azevedo para escrever “O cortiço” (1890) cuja personagem é coletiva. Não são as personagens que acordam, mas é o cortiço que acordava. 

“Casa de pensão” tem as seguintes personagens: Amâncio, um jovem rico vindo do Maranhão para estudar no Rio de Janeiro. Um sujeito apalermado, fácil de ser enganado.

Amélia (a amante), Luís Campos e Hortênsia: casal, amigo da família que morava no Rio de Janeiro, que acolheu Amâncio, oferecendo hospedagem.

João Coqueiro: o dono da pensão da Rua do Resende. E Paiva Rocha, outro maranhense que morava no Rio e deu as primeiras lições  das noites cariocas para Amâncio.     

O enredo pode é assim composto: Amâncio no Maranhão, ainda menino, convivendo com sua família. Aos 20 anos, estimulado pelo pai, vai estudar no Rio de Janeiro.

Sua estada na casa de Luís de Campos e Hortênsia, procurando uma pensão. Nesse período flerta com a mulher do amigo de seu pai, Hortênsia. O adultério é uma temática apreciada pelos escritores realistas e naturalistas.

A pensão da rua do Resende é sugerida por Paiva Rocha, boêmio de quatro costados, o maranhense que morava no Rio. Assim, na pensão, Amâncio mergulha na vida coletiva e promíscua, onde mulheres trocam de quarto durante a madrugada.

Apesar de ser um livro que está sob domínio público, esta resenha serve para que a pessoa se interesse pela leitura, sem estragar a surpresa (spoiler).  Não se trata apenas de um estudo para quem vai fazer vestibular, mas um estímulo para a leitura do livro para quem ainda não a fez.  

É bom saber que o enredo do livro foi baseado num fato real: Questão Capistrano, crime envolvendo dois estudantes, ocorrido em 1876 de grande repercussão no Rio de Janeiro.

Não se leem apenas best-sellers, mas também os livros consagrados, chamados de clássicos, principalmente da literatura brasileira. Apesar de ser um livro tão antigo, o li no Kindle, o e-book da Amazon, onde custa R$3,00, 227 páginas. Ou procure um sebo. Qualquer biblioteca mediana tem exemplar deste livro para emprestar. Boa leitura. Papel, cheirinho de novo: só comprando na livraria.


Nenhum comentário: