Hélio Consolaro é professor, jornalista
e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras
Casa de Pensão, livro de Aluísio de Azevedo,
escritor maranhense, foi escrito em 1884, cujo autor representa o Naturalismo,
movimento literário que conviveu com o Realismo.
Realismo-Naturalismo, diferentes do
Romantismo, não fantasiavam a realidade. Foi uma época em que a visão
científica estava na moda e uma visão pessimista da sociedade e do ser humano predominava.
“O
mulato” (1881), um dos mais importantes romances do escritor, tinha herói,
personagem principal. O espaço geográfico da história é o Maranhão. Como
abordava a temática do negro na sociedade maranhense, o escritor era
abolicionista, sua visão crítica da realidade foi violentamente rejeitada na
província. Evoluímos quase nada sobre a questão racista no Brasil.
Morando no Rio de Janeiro, Aluísio de Azevedo
escreveu “Casa de pensão” (1884), que
tem ainda a personagem principal, Amâncio, mas que se vê sufocado pela
personagem coletiva: a casa de pensão, um lugar não tão mórbido quanto um
cortiço, mas promíscuo. O determinismo de Hippolyte Taine começa ganhar forma
na obra do autor brasileiro.
Casa de Pensão é um ensaio de Aluísio de
Azevedo para escrever “O cortiço” (1890) cuja personagem é coletiva. Não são as
personagens que acordam, mas é o cortiço que acordava.
“Casa de pensão” tem as seguintes
personagens: Amâncio, um jovem rico vindo do Maranhão para estudar no Rio de
Janeiro. Um sujeito apalermado, fácil de ser enganado.
Amélia (a amante), Luís Campos e Hortênsia:
casal, amigo da família que morava no Rio de Janeiro, que acolheu Amâncio,
oferecendo hospedagem.
João Coqueiro: o dono da pensão da Rua do Resende.
E Paiva Rocha, outro maranhense que morava no Rio e deu as primeiras lições das noites cariocas para Amâncio.
O enredo pode é assim composto: Amâncio no
Maranhão, ainda menino, convivendo com sua família. Aos 20 anos, estimulado
pelo pai, vai estudar no Rio de Janeiro.
Sua estada na casa de Luís de Campos e Hortênsia,
procurando uma pensão. Nesse período flerta com a mulher do amigo de seu pai,
Hortênsia. O adultério é uma temática apreciada pelos escritores realistas e
naturalistas.
A pensão da rua do Resende é sugerida por
Paiva Rocha, boêmio de quatro costados, o maranhense que morava no Rio. Assim,
na pensão, Amâncio mergulha na vida coletiva e promíscua, onde mulheres trocam
de quarto durante a madrugada.
Apesar de ser um livro que está sob domínio
público, esta resenha serve para que a pessoa se interesse pela leitura, sem
estragar a surpresa (spoiler). Não se
trata apenas de um estudo para quem vai fazer vestibular, mas um estímulo para
a leitura do livro para quem ainda não a fez.
É bom saber que o enredo do livro
foi baseado num fato real: Questão Capistrano, crime envolvendo dois
estudantes, ocorrido em 1876 de grande repercussão no Rio de Janeiro.
Não se leem apenas best-sellers, mas também
os livros consagrados, chamados de clássicos, principalmente da literatura
brasileira. Apesar de ser um livro tão antigo, o li no Kindle, o e-book da
Amazon, onde custa R$3,00, 227 páginas. Ou procure um sebo. Qualquer biblioteca
mediana tem exemplar deste livro para emprestar. Boa leitura. Papel, cheirinho
de novo: só comprando na livraria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário