Me chame pelo seu nome - uma lição de vida

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

Como surge uma crônica? Sempre é a realidade exterior provocando a interior. Cronista é o cara que de um fato corriqueiro faz um tratado filosófico, fazendo, por meio da linguagem, ficar acessível aos leitores. 

Esta brotou das coincidências. Fazendo o jogo de palavras cruzadas, sempre no banheiro, a proposta do jogo era escrever por que James Ivory ganhou o Oscar pelo filme "Me chame pelo seu nome": resposta era "roteiro adaptado". Como vivo à cata de sugestões de filmes, à noite fui vê-lo no YouTube, que também é plataforma de aluguel.

Lançado em 2017, roteiro adaptado de livro de mesmo nome do escritor norte-americano André Aciman, escrito dez anos antes. 

Assisti. Trata-se de um filme de formação, declaradamente quer ensinar. Pensei em fazer uma resenha do filme. Como meu sobrinho japonês estava fazendo uns consertos em minha humilde residência, fiz uma resenha  oral do filme para ele, que me recordou ter uma irmã homossexual, caso resolvido pacificamente na família.  

E me questionou se eu não sabia do casal que fora assassinado pelo filho recentemente em Araçatuba. Os pais não aceitavam a sua homossexualidade.

Essas três coincidências dum mesmo assunto, num só momento, postas à minha frente, como um fenômeno místico, assim as interpretei, produziu este texto. A crônica estava na cabeça.

A notícia do duplo homicídio escreveu: "O delegado informa que a polícia segue trabalhando com as versões de motivação dos crimes alegadas pelas partes em depoimento. Uma versão é do contratado, que disse que o filho alegava que o casal não aceitava a condição de homossexual dele e que não gostava que ele saía de casa para as noitadas. Site: Hoje Mais

O teatro de Araçatuba sempre pôs em suas peças a homossexualidade em conflito, na família e na sociedade. Os diferentes vivem acuados pela pressão dos iguais (héteros), às vezes, querendo resolver o problema na porrada. Então a marginalidade homossexual anda à flor da pele nas artes.

O filme "Me chame pelo seu nome" é diferente, pois apresenta os sentimentos nas relações humanas, por acaso, no encontro de um jovem adulto e jovem adolescente que experimentam a homossexualidade. Os pais desconfiavam, mas não dramatizaram, não foram o problema. Depois do caso resolvido é que o pai foi conversar com o filho, rapazinho. Daí ser um filme de formação. No final, declaradamente orienta os pais. 

O título poético do filme (Me chame pelo seu nome), que é do livro também, vai ser entendido no decorrer do filme. Assista ao trailer, tocando aqui.   

Planeje o dia e a hora para assistir, principalmente em companhia de quem. Há cenas fortes. Ele está também noutras plataformas. No YouTube, R$ 7,90, HD.