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Previamente, se deve avaliar os riscos cirúrgicos com exames e imagens que são muito acessíveis como hemogramas e tomografias!
Temos 100 trilhões de bactérias na superfícies externa e interna do corpo com o formato de um tubo. Pele por fora e mucosa por dentro do tubo gastrintestinal que isolam os tecidos do exterior. O meio interno é sagrado, pois não tem bactérias, nem vírus, parasitas e fungos. Quando ocorre um ferimento, por menor que seja, como agulhada, corte, cutícula ferida, mordida, brincos, raladas e cirurgias: entrarão bilhões de microrganismos na verdadeira intimidade.
Todas as vezes que entram microrganismos, iniciam dois tipos
de mecanismos de defesa muito eficientes para sobrevivermos: a inflamação e a
resposta imunológica. A inflamação ocorre já na hora da agressão e a resposta
imunológica demora alguns dias.
A inflamação significa o sangue deixar sair na área agredida,
as células, anticorpos e enzimas prontas para atuar no agressor. Irão
fagocitar, dissolver, perfurar e destruir o agressor em 3 a 7 dias e em seguida
reparará a área. Se entraram poucos microrganismos, a inflamação e a resposta
imune eliminarão com facilidade e isso acontece todos os dias nos atos e fatos
da vida. Se for muitos e diferentes microrganismos, pode demorar algumas
semanas ou meses, e até evoluir para óbito.
A BOCA
A boca tem bilhões de microrganismos se for limpa e bem
cuidada. Cada mordida acidental tem um risco grande, pois entram muitos agentes
microbianos no meio interno sagrado do corpo. Qualquer procedimento que exponha
o meio interno é potencialmente perigoso.
Ao tirar um dente abre-se uma loja óssea, ou alvéolo, exposta
vários dias na boca. Entram bilhões de microrganismos inevitavelmente carreados
pela saliva, alimentos e ar. O reparo vai fechar, na parte de cima, ao redor
dos 21 dias, e o meio sagrado interno fica exposto com sobrecarga de
microrganismos que ganham o corpo inteiro, via sangue.
A inflamação e a resposta imunológica conseguem conter esta
agressão e reparar a área, mas tem que ter células de defesa em número e função
suficientes, anticorpos prontos para agir e enzimas preparadas para o embate.
SE, TALVEZ OU QUEM SABE!
Se tiver células diminuídas como nas anemias, se estiverem
defeituosas como nas leucemias ou se, a glicose não consegue entrar e agir como
combustível das células, poderemos ter sérios problemas como em diabéticos não
controlados, desnutridos ou ainda em etilistas.
Se não tiver saúde geral controlada por exames, uma exodontia
pode evoluir para alveolite, osteomielite, sepse e vários outras situações
importantes. Outro detalhe importante é saber com “olhos de radar” como está a
situação dentro do osso e dos dentes antes de operar. Para isso as tomografias oferecem
imagens perfeitas e muito acessíveis.
Hoje, em 2023, só se expõe o meio interno sagrado se soubermos
como está o organismo, Temos acessibilidade e condições plenas, pois cada exame
custa muito barato e os planos pagam, mesmo quando solicitados por dentistas, é
lei! Antigamente, bem antigamente, dentista, não pedia, paciente não sabia e
exames eram inacessíveis.
Alguns exames de sangue e avaliações de
risco antes de qualquer procedimento cirúrgico, podem indicar se o paciente tem
problemas. Isto deve valer para coisas simples como brincos, piercing,
tatuagens, preenchimentos, exodontias etc. Se o paciente se negar a fazer estes
exames, alegando falta de tempo ou porque acham isto um exagero, o profissional
deve pensar e repensar sobre este atendimento!
REFLEXÃO FINAL
O meio interno é sagrado e não tem bactérias. Quando entram, logo serão combatidas se o organismo estiver bem. A boca é o local mais contaminado e portas abertas como exodontias, podem ser muito mais arriscadas para o resto do corpo, quando estamos debilitados. Exames e tomografias prévias: sempre!
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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