AGENDA CULTURAL

7.5.24

O que dizem as garrafas de água? - Alberto Consolaro

        

As garrafas podem oferecer riscos à saúde, pois o contato com a boca e o refluxo da água da boca são inevitáveis!

    Todos tocam na boca ao beber água das garrafas levadas para cá e para lá. Reparem, disfarçadamente, que as pessoas ao pararem de beber, abaixam a garrafa. É impossível não levar um pouco de água e saliva de volta para a garrafa. Eu nem imagino alguém beber a água na garrafa do amigo.

Reparem como fecham ou abrem as garrafas de água: com as mãos contaminadas. As mesmas mãos que cumprimentam as pessoas e seguram maçanetas de portas nos vestiários, banheiros e carros. Não se tem um cuidado especial ao abrir e fechar a garrafas repetitivamente com as mãos contaminadas.

A água potável é límpida, e os meios líquidos de cultura bacteriana nos laboratórios, também. Quando há crescimento bacteriano, o líquido fica turvo, pois as bactérias estão presentes em grande número. Esta verificação pode ser visual direta ou com aparelhos de laboratório, afinal se faz em tubos de ensaio ou recipientes transparentes. A turbidez de uma água também pode ser microbiana e ou por adição de impurezas como partículas de alimentos, farinha, açúcar etc.

Quantas vezes ao dia se lava o interior de uma garrafa de água com escova e sabão? Quantas vezes se faz uma desinfeção dessas garrafas, usando-se álcool ou outro desinfetante, para eliminar-se as bactérias, fungos, vírus e parasitas? A boca é a parte mais contaminada, são trilhões de microrganismos encontradas em pesquisas com garrafas de água.

O QUE TEM NELAS?

Devemos desinfectar todos os dias, pois infelizmente, uma parte do conteúdo da água que se bebe e já está na boca, volta para as garrafas. E são várias vezes que levamos a garrafa de água na boca em cada vez que bebemos. Junto com esta parte da água, irão microrganismos e partículas de alimentos e bebidas.

Juntando microrganismos com partículas de alimentos e bebidas, é claro que a água das garrafas pode, também, ficar turva. E como não notamos isso? É porque a maioria das garrafas de água não é transparente, não dá para ver se está turva ou não! Não dá para ver as partículas de alimentos e bebidas que voltaram para a garrafa e, agora, faz parte da “água”.

Todas as garrafas de água poderiam ser transparentes e sem cor. Se for azul transparente, vai anular uma possível cor amarela da água, pois o azul anula a cor amarela por efeito ótico. O vermelho ou rosa, anulam o verde. Algumas garrafas tem desenhos lindos, até de times de futebol, e outras com pedras cravejadas. Boa parte das garrafas são de inox, outras são plásticas. Seria bom que não fossem tão grandes, que coubessem até três copos médios de água. Quanto maior, mais tempo de vai e volta de água da boca com o refluxo bucal.

Algumas garrafas de água têm mecanismo para sugar o líquido usando bocais de canudos de plástico diretamente ou a partir de dispositivos tipo bicos de chupetas. Não se iludam, pelos canudos e por estes dispositivos, uma parte da água também volta para a boca. Os plásticos são porosos e retêm muito mais partículas, favorecendo a adesão e o crescimento microbiano, muito mais do que as superfícies de aço inox. As garrafas de plástico descartáveis passam por todos os mesmos riscos descritos, especialmente quando são reutilizadas.

REFLEXÃO FINAL

1-  Por que levamos garrafas de água para cá e para lá? É uma forma de protesto, consciente ou inconsciente, de dizer que a água potável do mundo está acabando, pois quase todas as fontes estão poluídas. Ela deveria estar à disposição, gratuitamente, em todos os lugares.

2-  Tomar água em quantidade e frequência deve ver feito, mas cuidando-se minuciosamente dos recipientes onde transportá-las. Muitas doenças, como as gripes e resfriados, são repetitivas, pois as pessoas podem esquecer de trocar as escovas de dentes, sabonetes e apetrechos de banho e que alojam os vírus, bactérias e fungos, reinfectando seu dono. Com as garrafas de água pode acontecer o mesmo!


Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br    



Nenhum comentário: