AGENDA CULTURAL

12.9.24

Super-herói Davi - Fátima Florentino

Foto G1

 “Super-herói é o Davi, que saiu do ônibus sozinho sem o braço”, diz motoboy que salvou menino após ônibus tombar. Testemunhas do acidente recuperaram braço e salvaram a vida do pequeno Davi Geovane Guimarães. Ele foi uma das 26 vítimas do tombamento do ônibus da linha 476, em São Cristóvão, na sexta-feira (6). (https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/09/09/)

Deparei com essa notícia, hoje pela manhã.
Não tem como ler esta matéria, não se emocionar e questionar a postura desse garoto.
Como essa criança, tendo o braço decepado no acidente, conseguiu forças para se manter calma? Onde ela encontrou essa serenidade num momento tão tenso? “Saiu do ônibus sozinho. ”
Será que o garoto Davi sentia dor? Será que ele teve medo? E se teve, mesmo assim não chorou, não se desesperou? Quais seriam seus pensamentos após o acidente? Onde encontrou tanta lucidez?
Enquanto ele era socorrido, as pessoas procuravam pelo bracinho dele. Encontram, colocaram no gelo e entregaram aos bombeiros.
A cirurgia de reimplante do braço de Davi foi realizada com sucesso. Isso foi possível graças a empatia das pessoas ao seu redor e também por terem agido rapidamente. Mas, mais do que isso, foi graças à serenidade desta criança de apenas oito anos durante uma tragédia.
Penso cá com meus botões se eu, uma mulher adulta, mãe, avó, com toda a experiência que tenho, teria a mesma tranquilidade desse garoto. Com certeza não teria. Provavelmente iria desmaiar ao perceber que estava sem meu braço. Possivelmente entraria em pânico, gritaria por socorro desesperadamente. Eu não sei, mas tenho certeza de que não iria conseguir sair do ônibus calmamente.
Diante de problemas, ou de situações extremas, sabemos da importância de se manter o equilíbrio e assim, raciocinar com clareza. É preciso ter discernimento para analisar o que está à nossa frente e tomar a decisão correta. Visualizar opções e tomar uma atitude.
Quando enfrentamos situações difíceis, nem sempre conseguimos fazer uma escolha e resolver o problema. Às vezes, temos dificuldades de enxergar uma saída e precisamos que outras pessoas nos façam ver o caminho a seguir.
Davi é um super-herói e a mim, só resta aprender com essa criança de tão pouca idade e que agiu com tanta sabedoria diante de uma catástrofe.

*Maria de Fátima Florentino, relações públicas e gestora, escritora, autora do livro de microcontos "Vielas Literárias"

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