AGENDA CULTURAL

8.9.13

Patriotismo de todos


Hélio Consolaro*
(Escrito em 05/09/2013)

A vida é cheia de bobagens, mas são elas que dão graça a ela. É duro viver o cotidiano, por isso inventamos momentos solenes, muitas festas. O nacionalismo é uma bobagem quando pensamos em planeta, mas faz bem, desde que não seja exacerbado.

É melhor ter alguns mascarados na rua, do que ter apenas soldados, fanfarras e estudantes convocados para a festa. Assim saímos do nacionalismo modorrento. É melhor colocar a colher torta para mexer o angu do que a apatia.

Houve época em que se enfeitava ruas, praças, escolas de verde e amarelo na semana da pátria, coisas da ditadura militar. Como jovem professor, eu era obrigado a participar disso, porque eu queria mesmo era votar mesmo é votar para presidente do Brasil. Presidentes e governadores eram indicados por militares e endossados automaticamente pelo Congresso Nacional.

A gente protesta quando a situação está feia, com desemprego geral, inflação galopante, PIB negativo, falta de liberdade. Nada disso está acontecendo, então os “barrigas cheias” vão para a rua porque não querem ter a seu lado uma classe média parda, morena, que era pobre até outro dia.

Na gestão do prefeito Cido Sério (PT) de Araçatuba, há muitos pardos, mulatos (homens e mulheres) que nunca teriam cargos de secretários noutra administração. Aliás, ele mesmo é afrodescendente. Isso irrita muita gente. Gentinha no governo. E ainda foi reeleito. Dr. Jaime José da Silva, depois de várias legislaturas, só conseguiu ser presidente da Câmara Municipal de Araçatuba atualmente. Por quê? É moreninho... 
  
Dom Pedro I gritou “Independência ou Morte”; Rui Barbosa definiu: "A Pátria não é ninguém, são todos: e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação. A Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade." Lula demonstrou: “Sou brasileiro, não desisto nunca!”

Ser brasileiro hoje, cantar o Hino Nacional, tem um sabor de compromisso com o todo. O Brasil não pode ser maravilhoso apenas na minha casa, para uma minoria, precisa ser amado na casa de todos. Não é mais “Ame-o ou deixe-o”, agora o grito é “Vem pra cá, meu irmão”. “Tamo junto”.

Não queremos invadir países, ser uma potência mundial, apenas ser um povo feliz, onde as nossas diferenças sejam resolvidas democraticamente, em que o sorriso é um sinal de inclusão. Parece uma bobagem, mas tudo isso torna a vida mais leve.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba-SP



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