Hélio Consolaro*
A vida é cheia de bobagens, mas são elas que dão graça a
ela. É duro viver o cotidiano, por isso inventamos momentos solenes, muitas
festas. O nacionalismo é uma bobagem quando pensamos em planeta, mas faz bem,
desde que não seja exacerbado.
É melhor ter alguns mascarados na rua, do que ter apenas
soldados, fanfarras e estudantes convocados para a festa. Assim saímos do
nacionalismo modorrento. É melhor colocar a colher torta para mexer o angu do
que a apatia.
Houve época em que se enfeitava ruas, praças, escolas de
verde e amarelo na semana da pátria, coisas da ditadura militar. Como jovem
professor, eu era obrigado a participar disso, porque eu queria mesmo era votar
mesmo é votar para presidente do Brasil. Presidentes e governadores eram
indicados por militares e endossados automaticamente pelo Congresso Nacional.
A gente protesta quando a situação está feia, com desemprego
geral, inflação galopante, PIB negativo, falta de liberdade. Nada disso está
acontecendo, então os “barrigas cheias” vão para a rua porque não querem ter a
seu lado uma classe média parda, morena, que era pobre até outro dia.
Na gestão do prefeito Cido Sério (PT) de Araçatuba, há
muitos pardos, mulatos (homens e mulheres) que nunca teriam cargos de
secretários noutra administração. Aliás, ele mesmo é afrodescendente. Isso
irrita muita gente. Gentinha no governo. E ainda foi reeleito. Dr. Jaime José
da Silva, depois de várias legislaturas, só conseguiu ser presidente da Câmara
Municipal de Araçatuba atualmente. Por quê? É moreninho...
Dom Pedro I gritou “Independência ou Morte”; Rui Barbosa
definiu: "A Pátria não é ninguém, são todos: e cada qual tem no seio dela
o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação. A Pátria não é um sistema,
nem uma seita, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a
consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão
da lei, da língua e da liberdade." Lula demonstrou: “Sou brasileiro, não
desisto nunca!”
Ser brasileiro hoje, cantar o Hino Nacional, tem um sabor
de compromisso com o todo. O Brasil não pode ser maravilhoso apenas na minha
casa, para uma minoria, precisa ser amado na casa de todos. Não é mais “Ame-o
ou deixe-o”, agora o grito é “Vem pra cá, meu irmão”. “Tamo junto”.
Não queremos invadir países, ser uma potência mundial,
apenas ser um povo feliz, onde as nossas diferenças sejam resolvidas
democraticamente, em que o sorriso é um sinal de inclusão. Parece uma bobagem,
mas tudo isso torna a vida mais leve.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário
Municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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