AGENDA CULTURAL

28.2.14

Carnaval de Araçatuba

Na quadra da escola de samba Caprichosos, prefeito Cido Sério inflama os carnavalescos para que 2014 seja o melhor carnaval
Hélio Consolaro*

Amanhã, 2 de março de 2014, teremos o primeiro dia de desfile das escolas de samba do carnaval de Araçatuba.

O recinto de exposições Clibas de Almeida Prado se transformará nesses dois dias de um carnaval tardio em 2014, março, em vez de fevereiro, no sambódromo, com arquibancadas e muita segurança.

Nesta semana que se finda, acompanhei o prefeito Cido Sério (PT) nas visitas oficiais a escolas de sambas de Araçatuba, cinco ao todo. A visita de cordialidade faz parte de uma tradição araçatubense, como se o prefeito fosse ver se está tudo pronto para o carnaval.
 
Sede Acadêmicos dos Araçás, durante a cerimônia de batismo da bandeira
Neste ano, Araçatuba terá mais uma escola no sambódromo: Acadêmicos dos Araçás, presidida por Sandra Lima, figura conhecida do carnaval araçatubense. A agremiação está com sede no bairro Alvorada, no centro comunitário.

Na visita do prefeito Cido Sério à escola, como estreante, houve o batismo da bandeira “verde rosa” com presença de mãe-de-santo e outras figuras do candomblé. Tanto o carnaval como o samba são derivativos da cultura africana, vinda com os escravos. Na convivência entre as religiões da África e o catolicismo, formou-se por aqui um sincretismo (mistura) religioso católico, enquanto, nos Estados Unidos, houve o sincretismo de caráter evangélico.
 
Oscar Faria Ramos, presidente da Assesa, Rosângela (tesoureira da Virada do Sol) e Edilza (esposa do Oscar) na vista à escola 
Assim, no bairro Alvorada, no batismo da bandeira, depois dos ritos do candomblé, eis que a mãe-de-santo resolve pedir para que as pessoas rezassem a oração que Ele nos ensinou, ou seja, uma oração cristã: pai-nosso. Nunca tinha visto com tanta evidência uma manifestação do sincretismo religioso entre nós como na noite de terça-feira, 26 de fevereiro de 2014.  

Reproduzo aqui texto explicativo de como isso se deu na História do Brasil “...era comum que as festas dos escravos acontecessem na frente ou ao lado das próprias igrejas católicas. Essa proximidade com os templos cristãos favoreceu  o processo de sincretismo religioso afro-brasileiro. Vários santos e figuras da Igreja foram assimilados a divindades e a heróis do panteão africano, criando um sistema religioso repleto de figuras híbridas até hoje vigente  na umbanda e em outros cultos similares”.
 
Hélio Consolaro discursa aos presentes na escola Virada do Sol,
bairro São José
Assim, caro leitor, na avenida ou no sambódromo, sob o cintilar ouro e prata das roupas dos sambistas, movimentados pelos ritmos das baterias, "ninguém consegue ficar indiferente ou reprimir uma energia mágica que sobe pela espinha e se esparrama por todo o corpo. É o feitiço do samba. Música popular na aparência, oração e meditação africana na realidade”.

Você, caro leitor, está convidado a viver essa experiência em Araçatuba, estaremos de braços abertos para recebê-lo, quando desfilarão no sambódromo Acadêmicos dos Araçás, Caprichosos, Unidos da Zona Leste, Sonho e Fantasia e Virada do Sol.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP  

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