AGENDA CULTURAL

30.11.14

Faces Ocultas - 17 anos - Salto-SP

Como hoje à noite, 30/11/2014, 21h, na programação do EDARA - Espetáculos de Dança de Araçatuba - teremos a apresentação do grupo  Faces Oculta, com o espetáculo Cármen, no teatro da UNIP - capacidade para 550 lugares - vamos reproduzir apreciação sobre o grupo feita por Wilson Caveden feita em seu blog.
Tive o privilégio de assistir ontem o espetáculo em comemoração aos 17 anos da Cia. de Danças Faces Ocultas.
Simplesmente deslumbrante!
Não só pelo prazer de ver seus bailarinos maravilhosos se apresentando, mas também pelo que significam 17 anos de uma companhia de dança.
Sobre a apresentação, a Cia. parece um bom vinho: quanto mais anos se passam, melhor fica. Seus bailarinos aprimoram suas técnicas a cada espetáculo e isso é visível para os mais leigos no conhecimento da técnica da dança, como eu. Desde aqueles que estão a mais tempo na cia. e são considerados os principais até os mais recentes, observa-se uma aplicação e disciplina invejáveis.
Foi muito bom rever as três coreografias (parte delas) que foram criadas para comemorar os cinco – POEMAS BRASILEIROS – os dez – RUBRAS FACES – e os quinze – CARMEM – anos da cia. Bom também poder relembrar, quando saboreava estas, de todos os marcantes trabalhos do Faces Ocultas. FOLCLOREANDO, ELIS, 1964, VELA PRA QUALQUER SANTO, AFRICA EM NÓS, são trabalhos marcantes e inesquecíveis. Lembro-me de quando secretário da educação solicitava diversas dessas apresentações para os eventos da educação e eles sempre solícitos me atendiam e embebedavam de alegria e prazer àqueles que os assistiam. E na apresentação de ontem essas lembranças foram rememoradas e me senti bem, pois foram momentos que marcaram minha vida e a vida de muitos que tiveram esse privilégio.
O novo trabalho – CASA VAZIA – trouxe em si toda a técnica aprimorada e refinada de seus bailarinos. Uma coreografia intensa onde cada gesto e cada peça apresentada, juntas ou separadas, levavam a questionamentos e reflexões intensas e internas. Como diz uma parte do texto de apresentação: “…as coisas não conhecem começo nem fim, não chegam a acontecer de fato e, justamente por isso, estão sempre recomeçando.” “As coisas….que não chegam a acontecer de fato…sempre recomeçando”. Parece um pouco o processo da vida, quando desejamos que “as coisas” aconteçam, lutamos por elas, mas elas “…não chegam a acontecer de fato”…por isso a insistência do recomeço, uma qualidade humana que nos leva sempre para frente, apesar de as vezes acharmos que estamos como caranguejos, andando de lado.
E essa parece ser a tônica do Faces Ocultas. Sempre recomeçar para sempre acontecer!
No intervalo das apresentações conversava com Ismenia e ela me dizia: 17 anos de uma cia. de dança particular, sem incentivo público ou particular permanente é um feito que pouquíssimos grupos atingem. E frisava: não só no Brasil, mas no mundo. Normalmente, dizia ela, as companhias particulares são montadas a partir de um espetáculo ou dois e depois disso deixam de existir. A exceção está naquelas que conseguem investimentos consistentes e permanentes e que acabam ou sendo públicas, como o Balé Cidade de São Paulo, ou sendo de uma empresa, como algumas que conhecemos de expressão nacional.
Esse com certeza é a maior qualidade do Faces Ocultas: a persistência e a permanência. Conduzidos pelo “Ari” (Arilton Assunção) desde seu início, tem no firme e único propósito de dançar a base de sua sustentação. E para isso não mede esforços. Para isso luta diuturna e incansavelmente, junto com seus “fiéis escudeiros”.
Sem dúvida, muito mais do que comemorar um aniversário, a Cia. Faces Ocultas comemora a consolidação de um objetivo, de uma ideia, de um eterno recomeço, iniciado há 17 anos atrás e consolidado em cada trabalho realizado.
Parabéns queridas e queridos bailarinos do Faces Ocultas. Parabéns Ari e seus escudeiros. Tenho muito orgulho de poder dizer que os conheço e conheço suas histórias. Tenho muito orgulho de poder dizer que vocês são da minha querida terrinha. Tenho muito orgulho de poder acompanhar a evolução de seus trabalhos e a repercussão mundial deles.
PARABÉNS!!!!
P.S. – Como gostei muito da coreografia “1964”, que na dança mostrou os horrores da ditadura implantada a partir daquela data, não poderia deixar de destacar uma pequenina falha no texto do fôlder de apresentação, onde chama o golpe de 1964 de “revolução”, coisa que sabemos não ter havido.

Nenhum comentário: