AGENDA CULTURAL

25.9.15

Mototaxista, motoboy

Hélio Consolaro*

Não há mototáxi em todas as cidades brasileiras, mas com certeza nas cidades médias e grandes há o motoboy. Um carrega gente, e outro, mercadoria.

No transporte de passageiro, há o maior cuidado; mas no de carga, o motoboy se parece montado num marimbondo, costurando todos os corredores entre os carros.

Assim canta Seu Jorge na sua música Motoboy: “Ele é o rei da pista/ E na comunidade/Ele é fundamental/ Ele é solidário
Se pegar pra um/ Pegou pra geral”. Essa música me remete a um conto de Dalton Trevisan “O ciclista”, cujo primeiro parágrafo diz: “Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na esquina dá com o sinal vermelho e não se perturba – levanta vôo bem na cara do guarda crucificado. No labirinto urbano persegue a morte como trim-trim da campainha: entrega sem derreter sorvete em domicílio”.


Essas novas profissões brotam do chão da necessidade, do avanço da tecnologia. Atualmente, já temos o tuk-tuk, um triciclo motorizado que carrega duas pessoas no banco de trás ou então traz na traseira, um furgão. Coisa de chinês.

Como numa cidade, onde impera a vida coletiva, tudo precisa ser regulamentado, a Prefeitura já vai mandar para a Câmara Municipal disciplinando o uso do tuk-tuk.

E continua Seu Jorge: “Motoboy”:  “Ele é o rei da pista/ E na comunidade / Ele é fundamental/ Ele é solidário/ Se pegar pra um/ Pegou pra geral”.

Nas cidades do interior, como Araçatuba, ser motoboy ou mototaxista não é um privilégio da juventude. Outro dia morreu um mototaxista foi atropelado por um carro, ele tinha 68 anos.



Minha octogenária mãe, na beirinha dos 90, para não depender dos filhos para pagar suas contas mensais, tem sua mototaxista de confiança, porque há mulheres na profissão (motogirl), para quem Dona Augusta passa o dinheiro e ela vai ao banco fazer o pagamento, voltando com o troco certinho. Mamãe nunca foi enganada.    

Os bacanas das cidades não gostam de motoclistas nem de motoboys porque são procedimentos de gente humilde. Eles têm motoristas particulares ou usam táxis com carros de luxo.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário de Cultura de Araçatuba-SP

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