AGENDA CULTURAL

3.9.15

O MIA não só miou, rugiu


Hélio Consoalro*

Em janeiro deste ano, quando a Poiesis, através de seu diretor Eduardo Santana e o representante local da OS, Douglas Augusto Oliveira, me procurou para uma parceria da Secretaria Municipal de Araçatuba para a realização do Festiva de Música Instrumental de Araçatuba, o fiz para contemplar os músicos de Araçatuba, principalmente aqueles que estudam música, leem partitura, com formação acadêmica.

Na Secretaria Municipal de Cultura, por orientação do prefeito Cido Sério, não privilegiamos um segmento artístico, procuramos contemplar a todos. Afinal, por ser jornalista e escritor, não posso contemplar apenas a literatura, preciso ver o conjunto. A literatura tem a sua hora e não o tempo todo.
Ronaldinho do Cavaquinho na hora do show
Confesso, caro leitor, que não esperava tanta gente nos espetáculos do Ronaldinho do Cavaquinho (sexta-feira, 28/8)  e do Leo Galdelman (sábado, 29/8). Afinal, música instrumental é para os iniciados, gente com sensibilidade formada pela família e pela escola. Até me disseram que Catimba Manouche foi melhor do Leo. Uma boa notícia: o local ultrapassando o global.

Não sei se foi por gentileza, mas o pessoal da Poiesis expressou entusiasmo, gostou do que via em termos de infraestrutura (oferecida pela Prefeitura) e pela presença de público. Se no ano passado foi em Presidente Prudente, e os profissionais de São Paulo disseram que aqui foi bem melhor, pedimos ao Raul Christiano, diretor das oficinas culturais, que o MIA em vez de ser Música Instrumental em Araçatuba, fosse Música Instrumental de Araçatuba, ou seja, sempre na mesma cidade.
Momento forte do encontro de Hélio Consolaro e Ronaldinho do Cavaquinho, o artista no colo do secretário

Na quinta-feira, no show de Zé Renato e Cássio Martins, seguido por Duofel, só não teve mais público porque choveu e o espetáculo fora transferido para o teatro municipal Castro Alves, mas na sexta-feira, o azul dos céus se abriu para receber Ronaldinho do Cavaquinho e o Grupo 12 Mãos na praça João Pessoa.  

Em janeiro, quando sentamos para discutir a grade, eu fiz um pedido com veemência: a presença de Ronaldinho do Cavaquinho, um músico muito curtido pelos seresteiros e chorões. E eu havia presenciado um show dele em Conservatória-RJ, cidade da música. Depois de muita pesquisa e acertos pela Poiesis, ele foi colocado na grade.

Assim, durante o espetáculo dele, eu, na fila do gargarejo, fui surpreendido com a fala dele: estou aqui graças a um homem, ao secretário municipal de Cultura, Hélio Consolaro:
Oficina de Fotografia de Palco

- Ele está aqui?

Levantei a mão. Todos aplaudiram. E continuou:

- Vou me sentar no colo dele como agradecimento!

E não é que o homem cumpriu a palavra! Como ele andava muito pela plateia com seu cavaquinho mágico, acabou realizando a promessa. E tudo terminou com um jantar na casa de Regina Rocha no Delta Park, com a presença do artista e o grupo Amigos da Seresta.

No domingo, shows à tarde e boca-da-noite, a presença de público foi maior quando a banda local se apresentava, JAZZA4. Mano a Mano Trio é bom, mas faltou o showman. O músico instrumental precisa criar uma empatia com a plateia.

Mas o MIA não foi só show, muitas oficinas, em Araçatuba e região. Parece que a de Fotografia de Palco foi a mais longa, funcionou antes e durante os shows.

Assim, caro leitor, o MIA não só miou em Araçatuba, rugiu. E vamos trocar a preposição EM por DE no nome do evento?  

Despedida da equipe de trabalho 
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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