AGENDA CULTURAL

25.5.17

A melhor selfie do mundo

A foto apresenta um "faz de conta" diferente, pois não existe celular de brinquedo, as crianças em nosso meio tiram seflies com celulares de verdade. 

Selfie é uma fotografia, geralmente digital, que uma pessoa tira de si mesma. As selfies que envolvem várias pessoas fotografadas são conhecidos como "selfies em grupo". Wikipédia

Recebi esta foto pelo Whatsapp do jornalista Roberto Alexandre que em 2005 recebeu Prêmio Esso de Jornalismo com a reportagem "Rota das Mulas", feita na Folha da Região.

Beto sabia que tal foto ia provocar comichão neste croniqueiro e não errou. Só me frustrei porque não soube me informar a origem da foto nem consegui encontrá-la no "São Google", padroeiro dos pesquisadores. Certamente, a incompetência foi minha.

Pelo jeito de se vestir, as crianças parecem sírias, vítimas da guerra. Ou como escreveu Beto genericamente: "Certamente, a inocência, o sofrimento e a pobreza fazem desta, a melhor selfie do mundo".

Não consigo fazer poesia, nem escrever frases de efeito diante da foto, porque na minha criancice vivi situação semelhante. Não tenho saudades de meus oito anos, como verseja Casimiro de Abreu.

Na pobreza de minha infância, improvisei brinquedos já que meus pais não podiam comprá-los, como fazer curral de "faz de conta" no terreiro do sítio onde eram empregados e espetar pedaços de gravetos em mangas verdes, como se fossem vacas. Ou então montar em cabo de vassoura como se cavalgasse Incitatus. 

A foto apresenta um "faz de conta" diferente, pois não existe celular de brinquedo, as crianças em nosso meio tiram seflies com celulares de verdade. 

As crianças da foto posam e se sentem fotografadas por um chinelo, descalçando o próprio pé. Até que elas estão bem vestidas, talvez sejam frutos de uma educação restritiva ou por pobreza tecnológica. 

Contentaram-se com a imitação da realidade para obedecer a seus pais (criança não usa celular) ou para não roubar ou se revoltar. Como na minha infância, achava que era pobre por designo divino, não havia lido ainda a Bíblia, aliás, Meu Deus era o Deus do padre.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

2 comentários:

Unknown disse...

Totalmente emocionante, levando nossas mentes a uma realidade que está bem a nossa frente e parece que não está acontecendo neste planeta...somos todos omissos, me sinto nada diante dessa foto.

CHRISTIAN MONTAGNINI disse...

Ainda não consegui também saber o autor da foto. A inocência é tão bonita.