AGENDA CULTURAL

19.5.21

Qual é o eu nível de letramento científico - Alberto Consolaro

      

Teimosias, radicalismos e dogmatismos são filhos do analfabetismo científico! 


             Interpretar e refletir sobre o que está lendo se chama “letramento científico” e o contrário disto é o “analfabetismo científico”. Quem é letrado cientificamente, melhora sua condição econômica, a qualidade das relações com as pessoas, o nível cultural das conversas e faz compras e uso consciente de produtos.

O letrado cientificamente discute mais as ideias do que os objetos e não se preocupa com a vida alheia. As conversas fluem sem teimosias e absurdos, sem perder tempo e vida com cloroquina e terraplanismo.

VOCÊ?

Segundo o Indicador de Letramento Científico do Instituto Abramundo, Instituto Paulo Montenegro do Ibope e a Ong Ação Educativa, você pode se encaixar em um dos níveis abaixo caracterizados:

Nível 1 - Conseguem “localizar” informações explícitas em textos, tabelas e gráficos simples sem exigir domínio de conhecimento científico. Localizam consumo de energia na conta, dose máxima de remédio na bula e risco de doenças por álcool e tabaco.

Nível 2 - Resolvem problemas cotidianos pelo domínio da linguagem científica “interpretando e comparando” informações em gráficos de rótulos, textos jornalísticos ou legais. Conseguem avaliar medidas de tendência, compreensão de fenômenos naturais e impactos ambientais. “Analisam” propostas para checar benefícios e riscos à saúde, assim como aspectos de políticas públicas.

Nível 3 - “Elaboram” propostas para resolução de problemas a partir de evidências cientificas de textos como manuais, esquemas, infográficos e tabelas. “Argumentam e justificam” as propostas elaboradas pela leitura de nutrientes em rótulos, especificações técnicas de eletroeletrônicos, efeitos e riscos atmosféricos e climáticos, além de “compreender” o mundo microbiano.

Nível 4 - “Avaliam” propostas e afirmações científicas para o dia a dia. Elaboram argumentos sobre confiabilidade e veracidade de hipóteses apresentadas. “Abordam” questões sobre o aquecimento, biodiversidade, saúde, astronomia ou genética, e dominam ainda as unidades de medida como potência do chuveiro ou de motor. “Confronta” informações para fundamentar posições e opiniões científicas, tecnológicas e éticas.

RESULTADOS

Na pesquisa “Como as pessoas utilizam as referências do mundo científico no cotidiano e vida produtiva” concluiu-se que no nível 1 está em 16% dos brasileiros, que 48% no nível 2, enquanto 31% no nível 3 e apenas 5% no nível 4. Esta pesquisa em linguagem simples mediu o grau de analfabetismo científico do brasileiro.

Entre os que fizeram universidade, o nível 4 foi observado em apenas 11%. É assustador pois indica que os profissionais de nível “superior” saem deficientes na alfabetização científica funcional em todas as profissões, incluindo médicos, dentistas, engenheiros e outros. Em 4% deles, o nível era 1, em 27% nível era 2 e o nível 3 estava em 48%.

REFLEXÃO FINAL

Pelos dados, as universidades não estariam ensinando interpretar dados e aplicar a nomenclatura científica de forma adequada no cotidiano. 

Ficam curiosidades:  1- Qual seria o Índice de Letramento Científico dos mestres, doutores e professores universitários? Estariam preparados para alfabetizar cientificamente os graduandos? 2- Qual o nível de letramento de nossos parlamentares e governantes? Isto ajudaria explicar a situação do país?  


Alberto Consolaro – professor titular da USP - FOB  Bauru-SP  consolaro@uol.com.br

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