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Teimosias, radicalismos e dogmatismos são filhos do analfabetismo científico! |
Interpretar e refletir sobre o que está lendo se chama “letramento científico” e o contrário disto é o “analfabetismo científico”. Quem é letrado cientificamente, melhora sua condição econômica, a qualidade das relações com as pessoas, o nível cultural das conversas e faz compras e uso consciente de produtos.
O letrado cientificamente discute mais as ideias
do que os objetos e não se preocupa com a vida alheia. As conversas fluem sem
teimosias e absurdos, sem perder tempo e vida com cloroquina e terraplanismo.
VOCÊ?
Segundo o Indicador de Letramento Científico do
Instituto Abramundo, Instituto Paulo Montenegro do Ibope e a Ong Ação
Educativa, você pode se encaixar em um dos níveis abaixo caracterizados:
Nível 1 - Conseguem “localizar” informações
explícitas em textos, tabelas e gráficos simples sem exigir domínio de
conhecimento científico. Localizam consumo de energia na conta, dose máxima de
remédio na bula e risco de doenças por álcool e tabaco.
Nível 2 - Resolvem problemas cotidianos pelo
domínio da linguagem científica “interpretando e comparando” informações em
gráficos de rótulos, textos jornalísticos ou legais. Conseguem avaliar medidas
de tendência, compreensão de fenômenos naturais e impactos ambientais. “Analisam”
propostas para checar benefícios e riscos à saúde, assim como aspectos de
políticas públicas.
Nível 3 - “Elaboram” propostas para resolução de
problemas a partir de evidências cientificas de textos como manuais, esquemas,
infográficos e tabelas. “Argumentam e justificam” as propostas elaboradas pela
leitura de nutrientes em rótulos, especificações técnicas de eletroeletrônicos,
efeitos e riscos atmosféricos e climáticos, além de “compreender” o mundo
microbiano.
Nível 4 - “Avaliam” propostas e afirmações
científicas para o dia a dia. Elaboram argumentos sobre confiabilidade e
veracidade de hipóteses apresentadas. “Abordam” questões sobre o aquecimento,
biodiversidade, saúde, astronomia ou genética, e dominam ainda as unidades de
medida como potência do chuveiro ou de motor. “Confronta” informações para
fundamentar posições e opiniões científicas, tecnológicas e éticas.
RESULTADOS
Na pesquisa “Como as pessoas
utilizam as referências do mundo científico no cotidiano e vida produtiva” concluiu-se
que no nível 1 está em 16% dos brasileiros, que 48% no nível 2, enquanto 31% no
nível 3 e apenas 5% no nível 4. Esta pesquisa em linguagem simples mediu o grau
de analfabetismo científico do brasileiro.
Entre os que fizeram universidade,
o nível 4 foi observado em apenas 11%. É assustador pois indica que os
profissionais de nível “superior” saem deficientes na alfabetização científica
funcional em todas as profissões, incluindo médicos, dentistas, engenheiros e
outros. Em 4% deles, o nível era 1, em 27% nível era 2 e o nível 3 estava em 48%.
REFLEXÃO FINAL
Pelos dados, as universidades não estariam ensinando interpretar dados e aplicar a nomenclatura científica de forma adequada no cotidiano.
Ficam curiosidades: 1- Qual seria o Índice de Letramento
Científico dos mestres, doutores e professores universitários? Estariam
preparados para alfabetizar cientificamente os graduandos? 2- Qual o nível de
letramento de nossos parlamentares e governantes? Isto ajudaria explicar a
situação do país?
Alberto Consolaro – professor titular da USP - FOB Bauru-SP consolaro@uol.com.br
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