AGENDA CULTURAL

6.10.21

Aceitação que libera - Gervásio Antônio Consolaro

             

Luca Sanna - Caos cósmico (2006)

O que podemos aprender da visão antiga, moderna e contemporânea sobre o caos? Qual é o valor que ocupam as crises em nossas vidas?

       O primeiro ato de ousadia diante do caos é a aceitação da realidade.

       As crises e os pontos de ruptura são inevitáveis em nossas vidas. São parte do caminho da transformação e da evolução individual e coletiva. Para isso necessitamos deixar de nos anestesiar, nos congelar, nos esconder ou escapar diante da realidade e deixar de resistir à mudança.

       Covardia é fugir dos problemas com atitudes escapistas, medíocres e conformistas. Covardia é decidir se queixar, criticar, se vitimar, negar, ignorar, culpar os outros ou dar-se por vencido. Aceitar as crises e os desafios como são nos transformam em guerreiros audazes.

       Uma crise é uma acumulação de energia muito potente que necessita ser canalizada de maneira criativa e construtiva. Recordemos a teoria do big bang sobre  a origem do universo: este nasce a partir de uma força muito potente que entra em explosão e assim surgem as galáxias, as estrelas e os planetas.

        Se exercemos resistência ou tentamos bloquear a potente energia expansiva que ocasiona as crises, sua força se polariza trazendo consequências violentas e destrutivas, porque a única coisa que está buscando essa força indômita é sua liberação criativa.

       Diante da força de explosão de um vulcão ou a agitação das marés, qual é nossa atitude?

       Podemos ser precavidos e nos proteger, mas não temos como nos sobrepor a seu poder, só aceitar que a natureza se expresse e reencontre seu equilíbrio. De fato, pode-nos notar que uma das terras mais favoráveis para a agricultura são aquelas que foram banhadas por minerais vulcânicos.

      Aceitar as crises é permitir que essas forças potentes sigam seu fluxo natural de criação e regeneração.

       As crises são manifestações de uma série de aspectos inconscientes não elaborados que buscam ser trazidos à luz. Talvez seja mais fácil andar pela vida sorrindo falsamente e aparentando que “tudo está bem”, enquanto os incômodos e as tensões internas se acumulam debaixo do tapete. Porém todo conflito ignorado não passará despercebido porque cedo ou tarde gritará em forma de doenças ou calamidades.

       É muito mais saudável aprender a tomar consciência e elaborar os pequenos conflitos quando estes se apresentarem em vez de esperar que se acumulem de maneira demolidora. Este é o caso de um incômodo corporal que começa dando sinais e que, ao não ser atendido, converte-se em uma doença aguda. Tomemos o exemplo de uma dor de pescoço: sentimos o incômodo, mas continuamos ocupados mentalmente e desconectados do corpo, a tensão continua se acumulando e a dor vai se intensificando a tal ponto que adotamos uma postura incorreta para poder lidar com a dor. A postura incorreta vai desalinhando as vértebras, gerando um desequilíbrio até envolver outros ossos, músculos e órgãos.                              

      Por fim, desenvolver a capacidade de aceitar a energia indômita e imprevisível da vida nos permitirá fazer das forças caóticas nossos melhores aliados para a renovação e a inovação. Porque a única forma de viver totalmente é conhecendo o dia e a noite, o doce e o amargo, agitação e a calma. 

GERVÁSIO ANTÔNIO CONSOLARO - diretor regional da  Assoc. Fiscais de Rendas-SP, consultor tributário, agente fiscal de rendas aposentado, ex-delegado regional tributário, ex-assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador, contador, bacharel em Direito, pós-graduado em Direito Tributário, curso  de gestão pública avançada pela Amana  Key e coach pela SBC.            g.consolaro@yahoo.com.br   

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