AGENDA CULTURAL

7.2.22

Do deslizamento da encosta à erupção do Vesúvio

Criança de 5 anos foi retirada de poço de 32 metros de profundidade, mas não resistiu


A NOTÍCIA ERA ASSIM:

“O menino Rayan Awram, de 5 anos, foi resgatado neste sábado (5) no Marrocos. Ele caiu em um poço de 32 metros de profundidade, o equivalente a um prédio de 10 andares, na terça passada (1º). Os trabalhos dos socorristas começaram na quarta (2) e duraram quatro dias. O acidente sensibilizou a população do Marrocos e de outros países. Após o resgate, foi constatado que a criança estava morta (G1)”

 

Você, caro leitor, do outro lado de cá mundo toma conhecimento quase simultâneo dos fatos mais trágicos, porque a tragédia é uma inerência do noticiário.

 

Tomei conhecimento, fiquei olhando com cara de paisagem, pensei no meu quintal, você deve ter pensado em seu sítio ou fazenda, tentando se lembrar se não há algum poço com tal ameaça em suas propriedades para ser eliminado, evitando outra tragédia. Se fez isso e tomou providências, a notícia serviu para alguma coisa.

 

O mesmo acontece com as notícias dos deslizamentos de encostas dos tempos chuvosos, previstos, mas cujas providências não são tomadas por quem é envolvido nos desastres. O prefeito se omitiu, o governador idem e o presidente também. “Aqueles pobres são teimosos, ninguém autorizou que morassem lá”, pensam as autoridades, por que vou gastar dinheiro público com eles.

 

E os miseráveis soterrados só pensam em defender seus tarecos, se apegam àquilo que juntaram, pagando em prestações. Não têm nenhum lampejo de que a vida é maior que isso, ou melhor, ninguém lhe dá chance para pensar grande, apesar de dizerem que o capitalismo seja o sistema das oportunidades.

 

Então eu me lembro de Nápoles, cidade italiana com milhão de habitantes ao pé do vulcão Vesúvio. ´A mais populosa cidade após Roma e Milão. A ameaça está lá, mas ninguém arreda pé. O comportamento dos napolitanos é o mesmo dos moradores de encostas aqui no Brasil.

 

O vulcão soterrou Pompeia no primeiro século do primeiro milênio depois de Cristo, cujas ruínas estão expostas à visitação pública. O único na Europa continental a ter entrado em erupção nos últimos cem anos, embora atualmente esteja adormecido. A ameaça é constante.

 

Moramos num planeta que nos ameaça sempre, apesar de inferiores ainda não aprendemos a conviver harmoniosamente com ele. Escreveram no livro sagrado que viemos para dominá-lo, e há gente que acredita nisso. Até os privilegiados ficarem ilhados no espigão.   

 


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