Criança de 5 anos foi retirada de poço de 32 metros de profundidade, mas não resistiu |
A
NOTÍCIA ERA ASSIM:
“O
menino Rayan Awram, de 5 anos, foi resgatado neste sábado (5) no Marrocos. Ele
caiu em um poço de 32 metros de profundidade, o equivalente a um prédio de 10
andares, na terça passada (1º). Os trabalhos dos socorristas começaram na
quarta (2) e duraram quatro dias. O acidente sensibilizou a população do
Marrocos e de outros países. Após o resgate, foi constatado que a criança
estava morta (G1)”
Você,
caro leitor, do outro lado de cá mundo toma conhecimento quase simultâneo dos
fatos mais trágicos, porque a tragédia é uma inerência do noticiário.
Tomei
conhecimento, fiquei olhando com cara de paisagem, pensei no meu quintal, você
deve ter pensado em seu sítio ou fazenda, tentando se lembrar se não há algum
poço com tal ameaça em suas propriedades para ser eliminado, evitando outra
tragédia. Se fez isso e tomou providências, a notícia serviu para alguma coisa.
O mesmo
acontece com as notícias dos deslizamentos de encostas dos tempos chuvosos,
previstos, mas cujas providências não são tomadas por quem é envolvido nos
desastres. O prefeito se omitiu, o governador idem e o presidente também.
“Aqueles pobres são teimosos, ninguém autorizou que morassem lá”, pensam as
autoridades, por que vou gastar dinheiro público com eles.
E os
miseráveis soterrados só pensam em defender seus tarecos, se apegam àquilo que
juntaram, pagando em prestações. Não têm nenhum lampejo de que a vida é maior
que isso, ou melhor, ninguém lhe dá chance para pensar grande, apesar de
dizerem que o capitalismo seja o sistema das oportunidades.
Então
eu me lembro de Nápoles, cidade italiana com milhão de habitantes ao pé do
vulcão Vesúvio. ´A mais populosa cidade após Roma e Milão. A ameaça
está lá, mas ninguém arreda pé. O comportamento dos napolitanos é o mesmo dos
moradores de encostas aqui no Brasil.
O vulcão soterrou Pompeia no primeiro século do
primeiro milênio depois de Cristo, cujas ruínas estão expostas à visitação
pública. O único na Europa continental a ter entrado em erupção nos
últimos cem anos, embora atualmente esteja adormecido. A ameaça é constante.
Moramos
num planeta que nos ameaça sempre, apesar de inferiores ainda não aprendemos a
conviver harmoniosamente com ele. Escreveram no livro sagrado que viemos para dominá-lo,
e há gente que acredita nisso. Até os privilegiados ficarem ilhados no espigão.
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