AGENDA CULTURAL

22.5.25

Tire o pé de minha aposentadoria


 Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatiba-SP

Lembro-me bem a briga que tive com meu falecido pai. Ele não queria pagar o INSS, para não ter o desconto, e eu ressaltava as vantagens de ter uma aposentadoria na velhice. A previdência pública estava começando. Após conseguir o empenho de todos os filhos, ele se convenceu e se inscreveu. Passou a pagar o carnê mensalmente.

Quando se aposentou, dinheirinho no bolso, pediu perdão a todos pela incompreensão daquela época. E assim, passou a viver de sua aposentadoria, que lhe garantia o sustento. Nesse momento do país, se milhões de aposentados não recebessem suas aposentadorias religiosamente, a economia se degringolava.

E o sistema foi crescendo. Algumas vezes piorava, outras, melhorava. Assim também fui organizando as minhas contribuições. Há as leis, mas há também as muitas possibilidades, vários institutos. Não basta apenas pagar, mas descobrir também as vantagens.

Para milhões de aposentados, aquela quantia mensal parece cair do céu. Não foi assim tão fácil, a sociedade, governo, todos os brasileiros se organizaram para ter uma previdência, principalmente pública. Ela é fruto de um Estado que se preocupa com o bem-estar de sua velhice.

Atualmente há uma gana para se pôr a mão na aposentadoria dos velhinhos, desde de parentes, filhos netos até advogados e políticos. Não contraia empréstimos consignados para socorrer parentes, grite logo, seja chato: tire o pé de minha aposentadoria.

Quando me aposentei,  o tal do BMG queria tomar conta de dinheiro, mas me neguei, transferi para meu banco de longa data. Este banco mineiro avança 

sobre o salário, não faz nada ilegal, mas se aproveita da simplicidade dos assegurados do INSS.  

Banco BMG é conhecido por seus produtos e serviços direcionados a aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos. O banco oferece empréstimos consignados, cartões de crédito consignados e outros produtos financeiros que se adequam à realidade e às necessidades desse público. Cuidado com a agressividade mercadológica. 

AS MINHAS APOSENTADORIAS

Não tive pressa para me aposentar, nem ficava contando os dias que faltavam. Nem sou patriota metido a besta. De repente, FHC foi fazer uma reforma da previdência (eu teria que trabalhar muito mais), apelei para a aposentadoria proporcional. No serviço público estadual me aposentei com 49 anos, pois havia começado a trabalhar como funcionário aos 16 anos.

Em 2013, me aposentei por idade pelo INSS. Então acumulo duas aposentadorias, todas pagas, sem maracutaia. Nesse tempo de contribuição à previdência federal, eu estava na função de jornalismo e professor da rede particular, e os oito anos como secretário municipal, pois a Prefeitura de Araçatuba não tem instituto de previdência, contribui com o INSS.  

Também não estou livre de ataques de golpistas aos 76 anos, fui conversar várias vezes com o gerente de minha conta bancária. Já movi ações judiciais. Nem todos aposentados brasileiros tem essa agilidade.  

Velhinhos e velhinhas que trabalharam tanto vivem perseguidos pela desonestidade. A tristeza é que esse povo malandro foi criado e educado por nós. 

Além de gritar não à anistia, também esbravejo: tire o pé de minha aposentadoria!          

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