AGENDA CULTURAL

21.9.06

Dia da Floresta

Hélio Consolaro

Hoje é Dia da Árvore. Bonito, romântico. A professora certamente leva (pelo menos levava) seus alunos em torno de uma cova no pátio da escola, quando se planta solenemente uma árvore.

Algum orador de plantão fará um discurso: “As árvores não se destroem, porque as árvores produzem frutos para comer, produzem sombra para nos abrigar dos raios solares e purificam o ar que respiramos...” E todos baterão palmas.

Quando eu saía do sítio, caminhava 10 km para ir á escola e voltar dela, passando por capões de mato (até eles foram eliminados), por isso não entendia aquela comemoração de 21 de setembro na escola, aquele endeusamento da árvore. Viver entre árvores era tão normal. E em dia ensolarado, os lavradores almoçavam à sombra delas.

Bem ou mal, aprendi na escola a respeitar a árvore, comecei por ela ver essa questão de meio ambiente. Não se falava em ecologia, camada de ozônio, transgênicos, mata Atlântica, floresta amazônica, poluição, manancial. Não havia ainda o ecochato.

Hoje, eu quero comemorar a floresta, aquela multidão natural de mulheres férteis, do jeito que Deus deixou, porque árvore é uma só, isolada. Cavouca-se o cimento da calçada, planta-se uma árvore e o plantador se acha com a consciência tranqüila, como um escoteiro depois da boa ação.

Não gosto de desvalorizar as boas ações dos outros, por isso, hoje, quero fazer uma homenagem ao Clube da Árvore, um grupo de pessoas que deixa de cuidar das colunas crédito/débito/saldo, tira os olhos de seu próprio umbigo, para pensar na coletividade e no futuro do planeta. E vão enfiando muda de árvores pelas ruas de Araçatuba.


Reproduzo aqui o Cartum do Dil Márcio. A árvore feminina sendo encurralada pelo machado masculino. Sugere que o planeta seria diferente se tivesse sido comandado por mulheres. É verdade! Em meus 12 anos de zona rural, eu só vi meu pai empunhando o machado, embora minha mãe gostasse de queimar lenha no fogão.

Para o lenhador, e há muita gente com esse espírito em Araçatuba, a única árvore que lhe interessa é a genealógica, porque fala de si mesmo.

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