AGENDA CULTURAL

22.9.06

Também é brotinho

Hélio Consolaro

Estudamos a crônica Ser Brotinho, de Paulo Mendes Campos, na 2.ª série do ensino médio da Associação de Ensino Guararapes. Prometi aos alunos que os melhores trechos fariam parte de uma Entrelinhas especial.

Então, caro leitor, me permita o exercício de meu magistério neste momento. Lógico que ser brotinho na década de 50, 60 era outra coisa. Aliás, designar um jovem com a palavra “brotinho” é tão antigo como a palavra mancebo.

O brotinho pensa que o mundo passou a existir a partir dele, que só ele no mundo tem problemas. Quando descobre que seu avô e sua vovozinha querida viveram a ebulição da adolescência, admira-se, porque acham eles já nasceram velhos.

Nem preciso dizer que ser brotinho hoje é ficar defronte ao computador horas e horas, principalmente nas madrugadas, quando os pais perdem a paciência, retiram algum cabo da máquina e guarda-os debaixo do travesseiro.

Aliás, Natacha Martins escreveu que se o jovem não participar do Orkut, não bater papo pelo MSN e nem tiver blog é um brotinho envelhecido.

Para a Stella Mendes Pio de Oliveira ser brotinho é viver aquele dia como se fosse o último, intensamente. É o retorno do “carpe diem”. “Carpe diem quam minimum credula postero”, traduzindo do latim de Horácio para o português de Tomás Antônio Gonzaga: colha o dia, confia o mínimo no amanhã. O filme “Sociedade dos Poetas Mortos” recuperou a expressão na década de 80.

Priscila Pagotto escreveu que ser brotinho é se apaixonar pelo melhor amigo e ele não perceber. As garotas nessa idade são mais assanhadas; os garotos só querem as mulheres dos filmes pornográficos. Pois é, Priscila, o velho Adoniran Barbosa (Demônios da Garoa) já cantou isso: “a nossa amizade virou uma bagunça”.

Alexandre Theodoro de Oliveira escreveu que ser brotinho é ser feliz e não saber. Então, cara, você é precoce, porque a maioria só descobre isso depois dos 40.

A Andresa Fernandes Orsi, tão tímida, me escreveu isso:
“Ser brotinho é arrumar um namorado sarado, lindo, e deixar as amigas morrerem de inveja”. Que danadinha!

A Inara Storto foi poética: “Ser brotinho é andar descalça, sem se importar com a friagem, ligar o som alto e dançar na frente do espelho, falar coisas inoportunas em momentos inoportunos pelo simples prazer de se manifestar”.

Para encerrar, apelo para o texto da aluna Carolina Lopes Santos: “Ser brotinho é um sentimento de juventude. (Epa! o cinqüentão aqui tem chances!). O sentimento de ser feliz que existe dentro de cada um. Pena que só os brotinhos colocam este sentimento para fora”.

Entendeu, coroa, por que o Consa também é brotinho?


Leia texto de Paulo Mendes Campos

www.releituras.com/pmcampos_broto.asp

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