AGENDA CULTURAL

10.10.06

Como voar pela Pantanal

Hélio Consolaro

Sei que poucos cidadãos viajavam de avião, só o faziam os bem aquinhoados, nem mesmo a classe média podia voar pra lá e pra cá. Quando muito, os pequenos burgueses iam a Sampa de ônibus leito.

A coisa mudou. Atualmente até o Consa já está voando por aí, pois o preço das passagens está mais acessível. Há até trombada no céu...

Viajar pelos céus ainda é mais seguro do que por terra. Quando cai um avião, a queda vira notícia bombástica, porque no último morreram 154 pessoas, mas se somarmos as vítimas dos acidentes automobilísticos acontecidos no mesmo dia, certamente, a soma ultrapassará às do acidente aéreo. Nas estradas e nas ruas, morre-se a conta-gotas, um aqui outro acolá, então, não impressiona.

Nessa última viagem, amigos me alertaram que eu era corajoso em viajar de avião logo depois do acidente da Gol. Não me impressionei. Fui e voltei. Morrer em acidente de avião é “chique no úrtimo”!

Mas, em Araçatuba, ninguém vai morrer de acidente de avião. Só se a aeronave cair na cabeça do araçatubense, como aconteceu com a famosa vaca morta por avião da TAM.

O preço cobrado pela empresa aérea Pantanal por uma passagem de Araçatuba a São Paulo é proibitivo. Coloco o nome da empresa, porque precisamos discutir isso claramente, afinal, a cidade está se prejudicando.

Viajei de São Paulo a Porto Alegre para participar do 14.º Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS, paguei R$ 270,00 de passagem, ida e volta. Sabe quanto custa de São Paulo a Araçatuba pela Pantanal: R$ 449,00 (apenas ida) – claro, Consa foi de busão até Sampa.

Enquanto Rio Preto, aeroporto estadual Prof. Eribelto Manuel do Reino, se voa por R$ 126,00 até São Paulo. Menos que passagem de ônibus leito.

E vereadores, prefeitos e deputados não fazem nada para que se mude o quadro, pois suas viagens são pagas com dinheiro público. Empresas e universidades, de Araçatuba e Birigüi, que dependem de viagens aéreas, estão levando seus profissionais em vans e ônibus a Rio Preto para que peguem aviões de outras empresas, porque viajar pela Pantanal não dá! Dá sim, dá prejuízo.

Assim, fica parecendo que Araçatuba não tem passageiros suficientes para ter outra empresa de transporte aéreo mais compatível com sua grandeza, atuando no aeroporto estadual Dario Guarita, porque nossos passageiros estão engrossando as estatísticas de Rio Preto.

E os rio-pretanos falam de boca cheia que no aeroporto deles circulam por ano uma média de 300 mil passageiros e 400 mil quilos de carga. E Araçatuba fica chupando o dedo, como se fosse uma corrutela.

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