AGENDA CULTURAL

21.12.06

Brasil, meu Brasil brasileiro*

Hélio Consolaro

Como abordei acontecimentos norte-americanos, a correspondente de Entrelinhas de Nova Orleans, Ardanuy Calaigiam, se manifestou.

Estou rindo muito da crônica sobre a flatulência. Coitados desses americanos que comem comida pobre, enlatada e muuuuuito repolho.

O marido de minha vizinha, dorme em quarto separado por não suportar a flatulência da esposa, e pasme, caro leitor, a maioria das viagens que fazem de curto percurso, cada um vai em seu carro.
(Liga a flatulência no vibrar, 13/12/2006)

Em Imagem do Brasil lá fora (14/12), escrevi sobre o filme norte-americano Turistas, que será exibido em fevereiro, fazendo do Brasil o cenário de um filme de terror e passando uma imagem negativa do país lá fora.

Sobre ela, Ardanuy também escreveu:

Vou enviar sua crônica de hoje para meus irmãos brasileiros [que moram fora do Brasil].
Você não imagina como sou atacada quando defendo o Brasil. [...]

Teve um e-mail que circulou por um tempinho, de uma carioca pedindo que a mensagem falando do banditismo do Rio fosse traduzida para várias línguas e que circulassem para que todos conhecessem o terrorismo que o povo carioca vive. A mensagem pedia para não visitar o Rio. Logo, o filme tinha que ser feito por lá mesmo.

Brasileiro, às vezes, me dá nojo. São os primeiros a falar mal do país. Sinceramente, eu acho brasileiro um povo invejoso, maldoso...Que adianta o jeitinho acolhedor, amigo, se falam tanto mal pelas nossas costas? Sem contar que torcem para o insucesso do próximo. Só para ter uma idéia, eu fujo de qualquer brasileiro que encontro por aqui. Me desacostumei com o estilo brasileiro e confesso que tenho um tremendo choque cultural toda vez que vou ao Brasil. Não suporto o esnobismo brasileiro e a inveja declarada. As pessoas fazem de tudo para mostrar o que têm, não o que são.

Sendo brasileira, amo o Brasil e continuarei indo para aí rever meus amigos que amo, embora sejam poucos, posso contá-los nos dedos das mãos.

O baby [o marido dela] adora o Brasil e por não falar a língua, tudo pra ele é maravilhoso. Ele não se importa com nada e não se incomoda com ninguém, vive plenamente ele mesmo. Por isso que brasileiro acha o americano prepotente. Mas desde cedo eles aprendem a serem independentes e não 'alugam' ninguém.

Afeee... Me perdoe o desabafo! Janeiro irei passar uns dias aí no Brasil, por isso fico neste balanço emocional.

“O Brazil não conhece o Brasil/ O Brasil nunca foi ao Brazil.” (Querelas do Brasil, Aldir Blanc & Maurício Tapajós, 1989)

*Primeiro verso da música Aquarela do Brasil, Ary Barroso, 1939

Nenhum comentário: