Hélio Consolaro
Já estou recebendo e-mails altamente patrióticos, com recados para que não assistamos ao filme norte-americano Turistas: “não dê grana a uma produção que só visa a estragar a imagem do Brasil no exterior.”
O filme conta a história de seis jovens norte-americanos que vêm ao Brasil de férias. Chegando aqui tomam uma caipirinha com 'boa noite Cinderela', são assaltados, seqüestrados, torturados e têm os órgãos roubados por traficantes da indústria negra dos transplantes.
Alguns morrem, e mesmo os que sobrevivem não têm um final feliz. O filme é classificado como terror. Ele será lançado em fevereiro no Brasil.
Isso é o que dá ficar passando e repassando aqueles e-mails recebidos de amigos. Quem é internauta há alguns anos conhece bem esse enredo, pois corria pela rede um e-mail denunciando tal terrorismo. Os produtores e diretores aproveitaram a ficção que percorreu esse tipo de mensagem pela Internet para transformá-la em filme. E como toda narrativa precisa de um espaço para que as ações aconteçam, o Brasil teve o azar de ser o escolhido.
Além de ter o apagão aéreo no calcanhar, a Embratur já está tão preocupada com a péssima repercussão do filme que, temendo uma queda brusca na receita do país vinda do turismo internacional, já está preparando campanhas intensas para serem veiculadas lá fora e tentar minimizar os estragos.
Mas nada será impossível para o Super-Lula, presidente do Brasil, que pode passar um removedor de manchas nessa mácula. A imagem dele no primeiro mundo é muito boa, apesar de falar apenas o português.
Os primeiro-mundistas brasileiros têm a maneira de dizer:
- Se fosse num país desenvolvido....
- Neste país de merda...
- Eta paizinho...
Como Deus sempre responde “sim” a nossas vontades, aí está o resultado: Turistas.
Tenho um amigo que foi passear na Europa, anti-Lula roxo, voltou escandalizado com o prestígio do “sapo barbudo” no velho continente. Nem teve a coragem de contra-argumentar, porque ia passar por atrasado, ser de direita e outros adjetivos pejorativos. Voltou com a auto-estima lá embaixo, pois se achava o supra-sumo da inteligência brasileira.
Não vou assistir ao filme Turistas, pois não gosto do gênero terror, nem farei campanha contra, porque isso não me cheira bem. Deve ser filme de quinta categoria, daqueles enlatados norte-americanos com a qualidade de filmes pornôs.
Enquanto isso, vou assistir a Zuzu Angel, filme brasileiro, cujos personagens viveram na época da ditadura militar. Em vez de contra, gosto de ser a favor, a favor do cinema brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário