AGENDA CULTURAL

15.4.07

Bola 7 é multidão


Hélio Consolaro

A cidade se expressa pelos burburinhos de seus bares, de suas lanchonetes. Nalguns, nunca entrei, pura falta de oportunidade, pois não mando representante.

Até que um dia um amigo me convida para ir lá, e passo a achar o local simpático. Inexplicável, mas gostar mesmo de ir, de encontrar amigos, são poucos os preferidos deste croniqueiro.

Quando se quer conversar a dois, um ouvindo o outro, sem o cantor que ninguém ouve, mas ele também não deixa ninguém conversar, procura-se um lugar vazio, pouco freqüentado. Meia hora depois, descobre-se o porquê daquele desolamento: mau atendimento, péssima comida ou preço nas nuvens.

No Café da Praça (cantina da praça João Pessoa), converso com o Paulo e a Maria, como uma omelete deliciosa, me sinto entre amigos.

Almoço na Padaria Bandeirante, por causa do excelente auto-serviço e do chope escuro. Como também no Bambu, pelo churrasco no self service e para curtir a amizade do Grisalho.

Aprecio os pratos orientais do Pekin, instalado no Shopping Center Araçatuba, mas lá sempre vou guiado por mãos femininas de todas as raças. Essa coincidência de gênero com aquele restaurante me deixa curioso.

Botecão mesmo, visito o Bar do Luizão, no bairro Juçara. Lá me atualizo para continuar com as crônicas do Bate Forte. Aliás, devo-lhe uma visita.

Exala um som incompreensível dos bares da cidade, esse burburinho ganha contornos de plebiscito. É como manifestar a opinião, sem escrever ou falar, só com atitudes. Por que aquela multidão se dirige ao Bola 7?

Sinto isso quando vou lá, seria a Quermesse do Paraíso, funcionando todos os dias do ano. Achar uma mesa é uma raridade. No Bola, me reintegro à multidão, sinto parte dela. Só não há leilão, correio-elegante e nem se rifa frango assado no bingo. Entrar de mãos dadas com uma gata no Bola 7 é desfilar para a cidade, noutro dia, todos sabem.

Aquele local já foi da elite de Araçatuba, das moças casadoiras, do playboy que chegava de Karmangia. Hoje, o Bola 7 é do povão, é como um manancial de água farta, nele todos os bichos vão beber água, caçadores e caças.

Dizem que há até dia para cada faixa etária, todas com a placa de “procura-se”. Dia das descasadas, das solteiras liberadas, etc. E de entremeio, famílias completas.
O Bola 7 é nosso, só tem dono nas lides contábeis.

Esteve fechado por algum tempo, mas como Fênix, renasceu das cinzas para vigorar as noites araçatubenses. Quem passeia por lá sorridente e com seu embornal cheio de flechas é Cupido, fazendo suas vítimas, para orgulho de Vênus.

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