7.6.07
Boteco de família
Hélio Consolaro
Os barrigudinhos do Bate Forte estavam cada vez mais encolhidos nesta sexta-feira, que era o Dia Nacional da Cerveja. “Era”, porque com tanto frio, aumentou o consumo de conhaque, vinho, cachaça. Faca Amolada e Caneta Louca corriam pra lá e pra cá, mas era para atender a pedidos, como:
- Uma dose de conhaque Presidente!
- Uma garrafa de vinho Chapinha!
- Um caldo de mocotó para esquentar!
Até seu Sugiro não apareceu. Como vender churrasquinho de filé miau, se os barrigudinhos não tomam cerveja?
Dona Assunta administrava a cozinha, Amelinha, meio encorujada, ficava na caixa, mais marcava do que recebia. Assim, estava instalada e funcionando uma microempresa brasileira.
De repente, o Gordo saiu do banheiro reclamando:
- Cadê o alicatinho “pega bilau” do banheiro?
Todos riram, porque Faca Amolada deixava em tempos de inverno, no banheiro masculino, um alicate bicudo para emergências, caso o freguês não conseguisse achar o bilau para mijar, então, a clientela usava a ferramenta para tirar a mangueira para fora das calças.
- Eu não uso isso! – disse Sr. Lamentáveis, o mais velho de todos.
Mimoso se manifestou do outro lado do bar:
- Uso o alicate direto, no inverno e no verão. Detesto pegar aquilo na mão. Só o bilau dos outros...
E ria diante da cara de assustada de Dona Moranga.
Magrão contou aos companheiros de bar as suas experiências de cama. Ao dormir, procurou a mulher para dar uma. E ela respondeu-lhe:
- Exijo na cama, a mesma gentileza que você usou ontem no restaurante. Por que lá você é fino, aqui você vem com essa conversa grosseira: “Pode ser ou está difícil?”
Magrão disse que depois dessa, ele brochou, mas se preparou para o ataque no dia seguinte. Ensaiou, ensaiou uma frase bonita:
- Querida, por favor, queira me passar a xoxota?
O Bate Forte veio abaixo de tantas gargalhadas. Que saída teve o Magrão!
- Mas a coisa não terminou por aí, disse Magrão.
Ela, toda insinuante, com aquela camisola, sem calcinha, respondeu:
- Com Ketchup?
Dona Assunta saiu da cozinha com uma bacia e queria bater em Magrão, dizendo:
- Seu depravado! O Bate Forte é um boteco de família, viu!
Faca Amolada entrou pesado, tirando a mulher do conflito, pois a dona do bar não podia espancar cliente.
- Alguém já viu boteco de família por aí? – gritava Subversivo.
Faca Amolada, para evitar maiores constrangimentos, gritou:
- Rodada por conta da casa!
E tudo voltou ao normal. Afinal, tinham desopilado o fígado!
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Um comentário:
Como sempre, o boteco está soberbo. Pode babar oposição! Abraço fraterno.Duílio Anderlini
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