AGENDA CULTURAL

26.11.07

Dois machos, quer dizer...


Hélio Consolaro

O boteco Bate Forte, na sexta-feira, estava repleto de barrigudinhos para comemorar o Dia Nacional da Cerveja. Mesas e cadeiras avançavam pela calçada. Estava preparado até um bingo, meio parecido com quermesse.

Cada barrigudinho que chegava, era uma festa. O primeiro gole era sempre para o santo, o Onofre, padroeiro dos beberrões. Olhava-se a imagem no nicho, na parede do Bate Forte, persignava-se e um pouquinho era despejado ao chão, oferta para a santidade. Dona Assunta, desesperava-se com rodo e pano na limpeza do chão.

Caneta Louca e Faca Amolada atendiam aos pedidos que vinham aos gritos.

Seu Sugiro gritava da calçada que havia espetinhos de filé miau. Para alegria do churrasqueiro japonês, os pedidos enchiam em seus ouvidos.

A dupla Marmita & Passa-Fome animava o ambiente. Barrigudinhos contavam piadas e gargalhavam. Burguês trouxe uma de são-paulino, mas fez questão de usar o microfone da dupla:

- Meu cunhado comprou dois papagaios, não sabia qual era o macho.
O vendedor garantia que era um casal. Um dia, flagrou os dois papagaios transando no poleiro. Para marcar a fêmea, botou nela uma camisa do São Paulo.

- Que isso, companheiro! – gritou Bicho Grilo, são-paulino

E Burguês continuou:

- E os papagaios sempre transando. Num dia de jogo, um amigo de meu cunhado chegou, vestindo a camisa do São Paulo. Enquanto isso, meu cunhado foi buscar cervejinhas. E o amigo, com a camisa do São Paulo, ficou esperando. De repente, ouviu o papagaio fardado de são-paulino (a fêmea) chamando-o. E a ave já foi dizendo que era isso, que aquilo e completou: “É foda!”.

- Mas o que é foda? – quis saber Subversivo.

Burguês terminou a piada em apoteose:
- O papagaio explicou: “Te pegaram queimando a rosca também, e puseram essa camisa?”

Gargalhadas de balançar a pança. Bicho Grilo contestou:

- Papagaio é verde. Esse gay não era palmeirense, não?

- Epa! Eu sou corintiano! - gritou Mimoso, com seus trejeitos.

Subversivo queimou o pé:

- Eu nunca soube que esse arco-íris era meu companheiro de infortúnio...

Nisso, Gordo, que comandava o bingo, gritou:

- Miltão e Dona Moranga na cama!

Todos gritaram em uníssono:

- 69!!!!!

Nem preciso dizer, caro leitor, que pescoções foram democraticamente distribuídos. O bote Bate Forte virou um banzé. Cadeiras voadoras ligaram seus motores. Até Faca Amolada gritar:

- Rodada por conta da casa!

Todos voltaram seus olhos para os copos cheios de cerveja. A festa voltou ao Bate Forte.

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