AGENDA CULTURAL

13.12.07

Santa Luzia de meus olhos


Hélio Consolaro
(13/12/2007)

Santinha, minha mãe nos apresentou.
Foi no meu tempo de criança.
Ela reza, reza e acende vela
Diante de sua imagem
E ainda enxerga aos 80 anos.
Não sei rezar, resolvi poetar.

Proteja-me da cegueira
Já que é a padroeira da luz
Não me deixe, cego, santinha,
Quero sempre ver o mundo
A beleza que Deus criou!

Sei, cego é aquele que não quer ver,
Estou olhando bem dentro de mim, santinha,
Não mereço esse castigo
De ser cego pra fora
Só pra ver melhor por dentro.

Proteja-me da cegueira.
Tenho um olho só
E me chamam de rei.
Não quero ser nada,
Apenas viver e ver
A beleza que Deus criou.

Você que foi cobiçada
Por seus lindos olhos
Não permita que Deus me cegue
Só para eu me conhecer melhor.

Afaste de mim esse cálice, santinha.
Não quero imitar Borges
E nem ser Glauco Matoso
Não sei tocar sanfona na esquina,
Santinha, não quero grandeza,
Quero mesmo é clareza.

Como humilde servo, santinha,
Sei que não se discute com o destino.
Assino.
Mas faça alguma coisa por mim.

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