O boteco Bate Forte na sexta-feira, Dia Nacional da Cerveja, estava lotado de barrigudinhos. Cada um chegava, pedia a sua bebida, olhava para a imagem de Santo Onofre e jogava-lhe um gole, mas no chão.
Faca Amolada e Caneta Louca, esbaforidos, atendiam aos pedidos que vinham aos gritos:
- Uma quadrada bem gelada!
- Uma porção de amendoim salgado!
O Seu Sugiro gritou lá da calçada:
- Sugiro espetinhos de filé miau! R$ 1,00.
E, para a alegria do churrasqueiro japonês, os pedidos choveram em sua horta.
Dona Assunta administrava a cozinha, Amelinha ficava no caixa, recebendo ainda os fiados do mês passado e marcando novas penduras. A dupla Marmita & Passa-Fome animavam o ambiente com pagodes de Tião Carreiro.
Era um entra-e-sai danado no Bate Forte. De repente, chegou o padre da comunidade, acompanhado de seu sacristão. Dona Assunta, como membro da comunidade, correu a recepcioná-lo. Houve um silêncio geral. E o padre disse bem alto, com voz de bravo:
- Quem disse que ia dar um pobre no padre Orlando?
Silêncio geral. Nenhuma resposta.
- Quem foi?
Magrão não se apresentou. Faca Amolada gaguejou alguma coisa, Dona Assunta disse que tinha sido só brincadeira. Houve um vozerio danado entre os barrigudinhos.
O Dr. Duas Caras quis saber se havia padres que se tornavam alcoólatras só com o vinho tomado durante a consagração no altar. O padre visitante disse que havia celebrantes que não tomavam vinho alcoolizado, pois não podiam ingerir álcool, coisa e tal.
Mas o padre insistiu:
- O padre Orlando – disse o padre da comunidade – não veio, pois não bebe, mas eu vim no lugar dele. E quero tomar o porre, desde que me paguem a bebida.
Houve uma zoada danada. Padre cachaceiro, coisa e tal. Até que Magrão se apresentou:
- Fui eu, padre. Pode beber por minha conta, mas, por favor, tenho três bacuraus pra criar. Não peça bebida cara...
- E aqui nesta espelunca tem bebida cara? – perguntou Miltão.
Faca Amolada não gostou da depreciação de Miltão e olhou feio pra ele. Dona Moranga ficou do lado do marido, como se quisesse protegê-lo. O barraco estava se armando.
O padre visitante tomou uma cerveja. E despediu-se. Disse que só veio passar um susto na turma. Recomendou moderação a todos, que não estragassem a própria saúde, pois o corpo é o templo e que não deixassem as famílias na necessidade por causa da bebida.
Graças à presença do padre, não houve bafafá no Bate Forte, nem rodada por conta da casa. E o Caneta Louca não pôde exercer sua maldade.
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