AGENDA CULTURAL

9.3.08

Corpo pede mais alma / Alma pede corpo*


Hélio Consolaro

Meu amigo Wandyr Zafalon Júnior, psicólogo, em seu artigo “O corpo (im)perfeito”, abordou os desajustes das pessoas com o seu corpo. Como cristão, fui invadido pela holística e pelo zen-budismo e hoje fico reticente com a separação corpo e alma.

Realmente, às vezes, ao passar defronte de um espelho, fico assustado com minha aparência de italianão e cara de coronel aposentado da Polícia

Militar.

A nossa transparência está meio comprometida, por isso o que é não parece ser. A virtualidade existe bem antes da internet. Aquilo que penso ser, uma espécie de avatar, não é aquilo que transmito. A imagem que faço de mim não é aquela que os outros fazem. Posso parecer melhor e não ser tão bom aos olhos alheios.

Isso tudo desemboca no jogo da globalização, quando tudo no planeta é transmitido instantaneamente e as economias entrecruzam-se, como também as culturas se interpõem, ninguém sai ileso: todos pagam o seu preço. Tanto o corpo como a alma. Nela, todos perdem sua identidade e viram uma geléia geral.

O papa João Paulo 2.º dizia que o imanentismo é parente do ateísmo, porque entre os dois há uma linha tênue de separação. O papa fez isso como gesto de defesa diante da invasão das religiões orientais na cultura ocidental.

Os chineses e japoneses, além de invadirem nossos mercados com bugigangas e eletrônicos, o fazem com suas religiões (modelo de espírito imanentista - budismo e assemelhados). Essa invasão não fica impune, porque nós invadimos seus territórios com o modelo de nossos corpos.

Cada vez mais fazemos meditações para que haja uma interação harmoniosa de corpo e alma, como se fosse uma “plástica espiritual” ao nosso excessivo espírito materialista: ioga, zen-budismo, Tai Chi Chuan e outros.

O nosso cavalo-de-tróia nessa guerra são as mulheres, pois lá na China e no Japão fazem cada vez mais plásticas para se parecerem ocidentais. Na China, há até um concurso que se chama “Miss Cirurgia Plástica”. Os traços normais de uma chinesa ou japonesa são considerados imperfeições. Sem contar a operação da língua, para que falem com mais facilidade o inglês.

Veja só que o caro Wandyr arrumou com seu artigo. Como tudo se relaciona, nada está isolado, a relação corpo e alma desembocou na política: na política do corpo. E não vá me dizer, caro leitor, que o Consa viajou na maionese...

*Paciência, compositor Lenine.

http://vagalume.uol.com.br/lenine/paciencia





Um comentário:

Anderson Augusto Soares disse...

Com a alma corpórea é que amamos...