AGENDA CULTURAL

8.3.08

Mulher, bicho bom!


Hélio Consolaro

O boteco Bate Forte estava estufado de barrigudinhos. O verão fazia que todos tomassem cervejas geladas à vontade, com estalos de língua. O primeiro gole era sempre para o santo Onofre que, lá de cima, no seu nicho, abençoava aquele antro, na esperança de convertê-los, nem que fosse no leito de morte.

Faca Amolada e Caneta Louca, esbaforidos, atendiam aos pedidos que vinham aos gritos:

- Uma cerva geladérrima, por favor!

- Uma porção de calabresa em rodela!

Burguês, não entendeu bem, quis saber quem estava dando a rodela! Mimoso sentiu-se atingido e refutou:

- Cada um dá o que tem! E daí?

Seu Sugiro gritou lá da calçada:

- Garantido! Sugiro espetinhos de filé miau, bom, hein! Para alegria do japonês churrasqueiro, choveram pedidos. Dona Assunta administrava a cozinha, Amelinha ficava no caixa. Começo de mês, o acerto era geral.

Faca Amolada comunicou que já recebia as despesas por cartão de crédito. A máquina estava instalada.

- Esse Bate Forte anda progredindo, hein? – gritou Subversivo – Daqui a pouco, vai vender cachaça por e-mail.

Miltão quis saber por que o boteco estava enfeitado de cor-de-rosa. Nisso, a dupla Marmita & Passa Fome entoou a música Maria, de Milton Nascimento, a pedido de Bicho Griolo. Todos os barrigudinhos fizeram uma homenagem à mulher brasileira, levantando-se e batendo palmas.

Dona Moranga não gostou da ignorância do marido, o Miltão:


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