Gaiarsa, Entrelinhas e surucucu

Hélio Consolaro

A semana rendeu, no Ponto Cego e na Entrelinhas. Mexi com os leitores. Há quem considere chateação receber cartas e e-mails de leitores. Eu adoro o movimento, estou sendo lido. Pimenta nos meus olhos é refresco.

Até o Tarso José Ferreira não agüentou a provocação da crônica do Dia das Mães “Nem todas as mães merecem”, deu comichão nos dedos e escreveu. Minha mãezinha adorou. Marinélia Martins Matos, de Campo Grande, e a escritora Rita Lavoyer, de Araçatuba, detestaram-na.

Reproduzo aqui alguns trechos do texto “Seu Gaiarsa, Entrelinhas e surucucu”, de Tarso José Ferreira:

“Olha só! O Seu Consa na sua Entrelinhas (11/05), que beleza! Deu uma de olheiro cultural, viu a coisa doutro jeito. Arre égua! Saiu do cadeado mental. Oxa! Que bom! Fiquei feliz.

Há gente que acha que mulher é santa, só por ser mulher. Esse engano nosso é herança de Adão. Enquanto ele moscava, sua cara-metade trocava uma güelada com uma cobra. Vejam só, uma cobra! É, o coisa ruim se travestia de serpente. [...]

O casamento já deu errado lá. E como em Deus ninguém dá volta, tivemos que sair do Paraíso e baixar pra cá, cobra junto, suar a testa pra dar de comer à corja. Aqui na Terra onde o couro come, o pagode é mais embaixo. A porca torce o rabo e aí o otário do homem é cobrado todo dia. E não faz não! Língua de mulher é coisa grande.

Seu Consa cita Gaiarsa, um gaiato, fora de moda, que diz que são as mulheres que fazem dos homens machos. Claro, mulher nunca gostou de maricas. Quem gosta de maricas é o Ronaldinho Fofão. Se tiver que ter homem em casa, que seja o filho dela.

Hélio, lá você diz não ter senso e que faz o caminho contrário. Que nada. Você foi pela luz do desconfiômetro. Coisa de gente inteligente. Benza Deus! [...]

Quando nós, os homens, éramos a alta cúpula do mundo, não tinha tanto esculacho, mas como safadeza e barriga grande é coisa de macho, deixamos desandar. Não atrapalhamos nem ajudamos.

Daí a coisa como está. Bandidagem à solta, drogas, prostituição infantil. Mulher começa cedo, está tudo pegando geral. Depois que a mulherada passou a cantar de galo e fazer tudo que o homem faz, é a melhor... Do pior.

O elemento homem está largado, vive levando arrocho, sem ibope, não vale vintém, fala mansinho e ainda arruma a cozinha na maior cara de pau, com água quente e tudo. Depois de tudo limpinho, ainda leva uma goiabada cascão com queijo pra dona lá no sofá. Pois coisa que ele não quer é ver a surucucu nervosa. É, mas o mundo dá voltas, Seu Consa, sempre deu, não é?” Do seu leitor de número 34.