Hélio Consolaro
O livro é texto, por isso o escritor é o seu autor; mas quando há o ilustrador, principalmente em livros infanto-juvenis, este é tratado de forma subalterna, nunca é considerado como coautor
Conta-se que Kafka (Franz Kafka, escritor tcheco), em certa ocasião, andou negociando com um editor a publicação de seu texto “A Metamorfose”. A obra conta a história de Gregório Samsa, um sujeito que amanhece um dia na cama transformado num inseto. Pensando nisso, o ilustrador fez um desenho mostrando uma espécie de homem-inseto. Kafka ficou furioso com aquilo. Não tinha nada a ver.
Dá para imaginar como o desenhista chegou em casa chutando porta, pois o autor, um tal Kafka, um doido, achou o desenho uma droga e todo o trabalhão que o ilustrador teve, até pesquisa em livro de biologia por causa do inseto, foi por água abaixo. Por esse episódio percebe-se como é a tensão entre autor e ilustrador.
No livro “Nos trilhos do centenário – Passageiros de Araçatuba”, onde esta Folha e a Academia Araçatubense de Letras homenageou 100 personalidades da cidade para comemorar o seu centenário, do qual fui editor. Infelizmente, não tive atitude diferente em relação aos nove artistas plásticos de Araçatuba que fizeram a bico-de-pena imagens que foram inseridas no livro.
Na última hora, quando o gráfico João Rodrigues estava tomando a obra de minhas mãos, não consegui decifrar todas as assinaturas nas imagens, apenas dei crédito, dizendo que se tratava de obras de artistas plásticos de Araçatuba.
Hoje, neste espaço, corrijo tal injustiça parcialmente, referindo às figuras inseridas no livro e quem é o autor dela. Faço um remendo, pois o erro nunca poderá ser corrigido na íntegra, porque os leitores deste texto não serão os mesmos do livro.
Além disso, daqui a alguns anos, a edição deste jornal ficará apenas nos arquivos dos museus, enquanto o livro continuará a circular sem os nomes dos ilustradores, apenas com as assinaturas. Veja a relação:
Robson Marlon Silvestre – a sede do Rotary / Margareth Martins – teatro Castro Alves / Paulo Sebastião – capela Santo Onofre / Eloísa Gregory – praça Rui Barbosa / Fernanda Russo – praça João Pessoa / Juçara França – boiada / Emília Goulart – passageiros de Araçatuba / Wanilda Borghi – templo budista / Henry Mascarós – índio caingangue. Capa de Dayton Roger.
Então, caro leitor, toda vez que vir uma ilustração gráfica num livro, além das palavras, como capa, contracapa e desenhos internos, a figura não é um mero apêndice, ela dialoga com o texto, complementa-o, explica-o, ajuda o leitor a interpretá-lo.
O ilustrador é também um protagonista na feitura do livro. Na literatura infantil, divide com o escritor os direitos autorais.
Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor, membro da Academia Araçatubense de Letras. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba.
O livro é texto, por isso o escritor é o seu autor; mas quando há o ilustrador, principalmente em livros infanto-juvenis, este é tratado de forma subalterna, nunca é considerado como coautor
Conta-se que Kafka (Franz Kafka, escritor tcheco), em certa ocasião, andou negociando com um editor a publicação de seu texto “A Metamorfose”. A obra conta a história de Gregório Samsa, um sujeito que amanhece um dia na cama transformado num inseto. Pensando nisso, o ilustrador fez um desenho mostrando uma espécie de homem-inseto. Kafka ficou furioso com aquilo. Não tinha nada a ver.
Dá para imaginar como o desenhista chegou em casa chutando porta, pois o autor, um tal Kafka, um doido, achou o desenho uma droga e todo o trabalhão que o ilustrador teve, até pesquisa em livro de biologia por causa do inseto, foi por água abaixo. Por esse episódio percebe-se como é a tensão entre autor e ilustrador.
No livro “Nos trilhos do centenário – Passageiros de Araçatuba”, onde esta Folha e a Academia Araçatubense de Letras homenageou 100 personalidades da cidade para comemorar o seu centenário, do qual fui editor. Infelizmente, não tive atitude diferente em relação aos nove artistas plásticos de Araçatuba que fizeram a bico-de-pena imagens que foram inseridas no livro.
Na última hora, quando o gráfico João Rodrigues estava tomando a obra de minhas mãos, não consegui decifrar todas as assinaturas nas imagens, apenas dei crédito, dizendo que se tratava de obras de artistas plásticos de Araçatuba.
Hoje, neste espaço, corrijo tal injustiça parcialmente, referindo às figuras inseridas no livro e quem é o autor dela. Faço um remendo, pois o erro nunca poderá ser corrigido na íntegra, porque os leitores deste texto não serão os mesmos do livro.
Além disso, daqui a alguns anos, a edição deste jornal ficará apenas nos arquivos dos museus, enquanto o livro continuará a circular sem os nomes dos ilustradores, apenas com as assinaturas. Veja a relação:
Robson Marlon Silvestre – a sede do Rotary / Margareth Martins – teatro Castro Alves / Paulo Sebastião – capela Santo Onofre / Eloísa Gregory – praça Rui Barbosa / Fernanda Russo – praça João Pessoa / Juçara França – boiada / Emília Goulart – passageiros de Araçatuba / Wanilda Borghi – templo budista / Henry Mascarós – índio caingangue. Capa de Dayton Roger.
Então, caro leitor, toda vez que vir uma ilustração gráfica num livro, além das palavras, como capa, contracapa e desenhos internos, a figura não é um mero apêndice, ela dialoga com o texto, complementa-o, explica-o, ajuda o leitor a interpretá-lo.
O ilustrador é também um protagonista na feitura do livro. Na literatura infantil, divide com o escritor os direitos autorais.
Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor, membro da Academia Araçatubense de Letras. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba.
3 comentários:
Realmente as imagens são lindas.
Consa, araçatubense longe de casa tem como comprar o livro pela internet ou por telefone? Abraço.
Obrigada, Hélio!
Você já tinha ido à TV.
Isso é reforço.
Grata pela oportunidade.
Beijo,
Wanilda.
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