AGENDA CULTURAL

2.11.09

Padres e pobres


Hélio Consolaro*

Essa pobreza de itinerantes e mendigos será vivida pelos frades em estreita comunhão com Cristo que não tinha uma pedra onde reclinar a cabeça e que vivia também da generosidade dos que lhe davam hospedagem..
(Leclerc).

Não gosto de julgar os outros, mas também não me abstenho de comentários somente para evitar constrangimentos. A notícia de Penápolis, intitulada: “Freis querem que voluntária desocupe casa da paróquia utilizada para trabalho social”, Folha da Região, 30/10/2009, me deixou, primeiramente, curioso; depois, pensativo.

Em cada cidade, as relações são mascadas, tudo muito pisadas, exploradas politicamente. Se este croniqueiro morasse em Penápolis, de que lado ficaria? Dos padres Capuchinhos ou da Dona Isabel Aparecida Marchi de Castilho? Não sei. A distância, a causa da voluntária é mais simpática.

Sei também que o aspecto administrativo desgasta os dirigentes duma entidade, deixando-nos obtusos e cascudos. De tanto se envolver com ele, perdemos a sensibilidade, agimos apenas com a razão, deixando a burocracia nos levar. Para que nunca caiamos nisso, devemos sempre nos perguntar, todos os dias, a toda hora: qual é o objetivo primeiro da entidade que dirigimos.

Não podemos nos esquecer que o nome do santuário de Penápolis, onde Dona Isabel está instalada, atendendo os pobres, é São Francisco de Assis e que seu dia havia sido comemorado no dia 24/10 pela cidade. Esse santo renuncia a todos os bens que o prendiam neste mundo, veste-se como eremita e começa a restaurar a Capela de São Damião e a cuidar dos leprosos. Sofreu e lutou da forma mais intensa; ele, que teve tudo, abraçou a pobreza, teve primeiramente de vencer-se a si mesmo, para logo pedir esmolas. Orou e trabalhou incessantemente.
De acordo com o seu padroeiro, a Ordem dos Capuchinhos existe para ajudar os pobres, como também devem ser pobres. Pela notícia, parece que os padres não querem os pobres muito perto, por isso expulsaram Dona Isabel e seus pobres do território do santuário, mas ela, como o padroeiro, resiste.

Os padres que pregam a justiça divina, vão apelar para a justiça terrestre mesmo para que predomine sua vontade. Se ela não sair pelo bem, vai sair na marra. Até parece que a fé é pouca.

Nessa pendenga, alguém deve chamar padres e paroquiana numa sala e ler a biografia de São Francisco de Assis, fazer a oração que ele ensinou para que a decisão seja sábia. Voltar às origens é um bom caminho para resgatar o espírito primeiro.

Aliás, será que os padres tiveram um dedo de prosa com São Francisco de Assis? Que a solução seja sábia e generosa.

3 comentários:

HAMILTON BRITO... disse...

Caraca, sinceramente...ta aí um trabalho para o super homem ou para o próprio São Francisco, de Assis.

Patrícia Bracale disse...

Quem disse que fazer caridade é fácil?!
Mesmo sendo onde achavamos que o trabalho social fosse sua razão primeira de existir...
Melhor chamar todos os Santos, a liga da justiça, O Cristo, Papai do céu e etc.

Marisa Mattos disse...

É que tem momentos que esquecemos que os chamdos "homens de Deus" são também carne e osso,né?Na verdade até eles nem se lembram mais,ou querem lembrar-se..ehehehehhehee....Se o sábio Salomão estivesse vivo na certa dividiria a casa ao meio...rs...