Um argentino simpático

(Publicado no jornal O Liberal Regional de Araçatuba, edição de 24 de setembro de 2011)

Hélio Consolaro*

A primeira conversa sobre a possibilidade de eu participar da equipe da administração Cido Sério foi com o Jorge Hector Rozas, lá no comitê da rua Marechal Deodoro. Tive boa impressão do argentino com voz de Franco Baruselli.

Jorge Hector Rozas, prefeito Cido Sério(PT) e Cidinha Lacerda
secretária de Assistência Social 

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Araçatuba é formado em Arquitetura e Urbanismo na Argentina, década de 1970. Interessou-se pela ecologia e meio ambiente em 1986, já no Brasil, na discussão da Constituição de 1986, pois sempre foi um militante do movimento humanista.

Em 1989, passou três meses na Grécia, representando o Brasil, ministrando palestras sobre Ecologia Social, sua grande paixão, pois “nada adiante cuidar dos bichos e da vegetação e descuidar das crianças, por exemplo”. Tais palestras serviram de base na elaboração da Agenda 21. Em 1992, participou ativamente da Eco-92. Antes de vir a Araçatuba, participava da assessoria parlamentar de Cido Sério na Assembleia Legislativa de São Paulo.  

Ele trouxe à política do meio ambiente de Araçatuba uma visão cosmopolita, que plantar árvore, cuidar delas e podá-las de forma adequada não é tudo, é parte. Limpar rios, lixões, depósitos de entulhos completa, mas o principal é dar sustentabilidade ao desenvolvimento de Araçatuba. Ter uma visão macro do problema.

Enquanto ele era chefe de divisão na Secretaria de Desenvolvimento econômico, ninguém mexeu com ele. Afinal, o salário era pequeno. Com a reforma administrativa, passou a ser secretário, portanto a sua ação política passou a ter mais significado, o salário melhorou. Então, o olho gordo dos pretensiosos cresceu.

Não basta ser verde como o Palmeiras para automaticamente defender o meio ambiente, há verdes que são donos de serraria, como há corintianos e santistas que cuidam muito bem do planeta. O Jorge é santista.

Garanto que, apesar de argentino, o Jorge Hector Rozas conseguiu muitos amigos, inclusive este croniqueiro. Ele aguenta bem a gozação, inclusive do prefeito Cido Sério.  Logo, logo vai nos acusar de praticar o “bullying”.

Só pelo fato de ele, como secretário, ter restaurado a sede da antiga Fazenda do Estado, recuperado aquele setor abandonado da cidade, histórico, posto lá a sede de sua secretaria, valeu a sua vinda a Araçatuba, a sua nomeação como secretário do Meio Ambiente e da Sustentabilidade.

Escrevo isso porque vivi alguns anos de minha adolescência no Posto 

Experimental de Criação na década de 60. No dia da inauguração, me emocionei. Voltei lá depois para curtir aquele recanto de Araçatuba. E também sei que parentes do zootecnista Alcides Fagundes Chagas fizeram o mesmo.

O Jorge Hector Rozas é um cidadão do mundo, uma pessoa conectada com os movimentos mundiais de preservação do planeta, soube ser local em Araçatuba, conquista o coração dos araçatubenses.  Em tempos de globalização, não podemos nos deixar levar por argumentos menores.

Hélio Consolaro e Jorge Hector Rozas
defronte à sede da antiga Fazenda do Estado 

A grandeza do Jorge Hector Rozas não pode ser embaçada por alguns que se escondem sob argumentos provincianos apenas para conseguir cargos. Apesar de ser argentino, uma birra que se limita ao futebol, ele tem a nossa solidariedade. Nós precisamos de São Jorge montado em seu cavalo branco, lutando contra o dragão dos interesses mesquinhos.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal da Cultura de Araçatuba.