Hélio
Consolaro*
O
mais elementar dos conselhos de autoajuda diz que elogio em boca própria é
vitupério, vira contra si mesmo. Dale
Carnegie, no livro “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, afirma que nem
precisa ser autoelogio, falar de si já é uma atitude inconveniente. Quem tem
tal comportamento é chamado de desmancha roda de conversa.
Na
verdade, devemos sempre falar de nós mesmos, mas usando certo disfarce, porque
tudo em nós revela o que somos. O jeito de vestir, de falar, de andar. É como
recomendar para não usar primeira pessoa (eu/nós) numa dissertação, porque nela
predomina a função referencial da linguagem. Enfim, uma dissimulação, pois
todos sabem que o texto representa a opinião de seu autor.
Numa
roda de conversa, estimule as pessoas a falarem de se si mesmas, dando-lhes
importância. Se elas forem inteligentes, não cairão na sua provocação, e
falarão de você. Para vender alguma coisa, ser simpático, estimule o outro a
falar de si. Elas se sentirão valorizadas e você, caro leitor, vai ganhar
pontos.
O
grande líder tem seus arautos na sociedade, que vira o rumo da prosa numa boa
conversa. Eles fazem isso sem cobrar nada, por confiança mesmo. Se alguém
estava querendo falar mal de você na roda, desiste logo. O líder tem liderança
em casa, na roda de amigos, por toda a comunidade. Às vezes, tudo lhe é nato,
outras, resultado de educação familiar ou vigilância de si mesmo. Não avança o
sinal vermelho.
Se
é forçado numa entrevista a falar de si para conseguir o emprego, diga a
verdade de forma indireta. “Eu me esforço para ser uma pessoa receptiva...”.
Nunca diga “eu sou isso” ou “eu sou aquilo”, “faço e arrebento”.
As
eleições municipais se avizinham, e os candidatos vendem a sua própria imagem,
construídas ao logo de sua trajetória. E os discursos “Vote em mim, não vote
nele, porque sou o melhor de todos” aparecerão com certeza. Quem faz isso é um
sério candidato à derrota. Ponha os assessores, os parentes, a família, etc.
para falarem bem de você. Limite-se a explanar suas metas, como vai trabalhar,
sem achincalhar o adversário.
Isso
é bem diferente em pedir o voto. Candidato que não pede o voto não cumpre sua
função, afinal, ele está em campanha eleitoral para quê? Há gente, até amigo do
candidato, que não vota nele porque esteve com o eleitor e não pediu o seu
voto, foi tímido (timidez interpretada como soberba), principalmente nas
relações primárias, corpo a corpo.
Numa
campanha midiática, os marqueteiros mudam a imagem de um candidato, mas ele
precisa ter algumas virtudes. O PT, por exemplo, passou anos fazendo campanha
errada, mas tinha a consideração até dos adversários. Duda Mendonça em 2002 deu
uma imagem mais light para essa virtude, mudou o invólucro, transformando o
Lula em “Lulinha paz e amor”. As duras
palavras foram transformadas em eufemismo.
Então,
caro leitor, sei que você não é candidato a nada, mas precisa namorar, vender
alguma coisa, fazer sua loja crescer, ser um bom profissional. Então, procure
sempre ajudar os outros, pare de pensar só em si. O egocentrismo é
autodestrutivo.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba-SP. E-mail: conselio@gmail.com
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