Por Simone Muniz
Aos 15, cadê o namorado. Aos 25, quando é o casamento. Aos
30, e o nenê, quando vem? Felizes os que passaram dos 50 e, livres das pressões
sociais e com uma situação financeira mais definida, podem optar pelo tipo de
arranjo mais adequado. Manter um relacionamento estável mas morar em casas
separadas é uma alternativa cada vez mais cobiçada pelos casais. Fora o peso no
orçamento, quem vive a experiência garante que as vantagens são muitas.
Preserva-se o compromisso, sem abrir mão da liberdade.
"Intimidade e respeito não dependem do espaço
físico", afirma o casal Teodoro Schimidt, de 73 anos e Teresa Creusa de
Góes Monteiro Negreiros, de 61 anos. Ele, arquiteto, e ela, psicanalista. Para
Teresa, dividir os ambientes de maneira forçada desgasta o relacionamento.
"Ao separarmos o espaço físico e mantermos a proximidade dos apartamentos,
evitamos uma enorme quantidade de contrariedades e prestamos atenção apenas no
que é importante para os dois, sejam os prazeres ou as dores", afirma.
Ao ser questionado porque optou por viver separado da amada,
Téo brinca que essa é a opção mais "higiênica". Ele se mudou para o
bairro de Teresa depois de assumirem o namoro e conta que sente falta dos mimos
que tem a casa da mulher, como a arrumação e a comida bem feita. Ainda assim,
para ele, morar separado é questão tanto de comodidade quanto de personalidade.
Por exemplo, ele usa o escritório para projetos profissionais. Gosta de
trabalhar até tarde e, às vezes, descansar no meio do dia.
"Quando fui casado, tive a experiência de me distrair
na presença da mulher e ter a atenção exigida em momentos que precisava me
concentrar, sem que ela percebesse isso, já que ambos estávamos em casa",
diz Téo. A sexóloga Regina Navarro Lins também já experimentou a opção de
passar um tempo morando em casas separadas e hoje vive sob o mesmo teto com o
marido. Para ela, "qualquer maneira de amor vale a pena. É bom poder
escolher".
Regina ressalta que morar separado é uma alternativa e não
uma solução. "Existem casais de namorados que moram separados e ligam um
para o outro a cada minuto, controlam-se mutuamente e não dão espaço para a
liberdade", diz. Para ela, intimidade é algo que se desenvolve no plano do
afeto. "Pessoas podem morar juntas e não ter nenhuma intimidade", lembra.
O engenheiro Alberto, de 61 anos, que prefere não revelar o nome completo,
também pensa que separar as casas é uma questão de escolha. "Há 40 anos,
seria censurado por querer morar em casas separadas. Hoje, moro com meus filhos
e minha namorada vive com os filhos dela. Todos respeitamos o espaço, confiamos
um no outro, convivemos bem com as famílias e passamos festas juntos",
conta. Morar separado, no entanto, pode ser um luxo, já que juntar trapinhos ou
casar significa, normalmente, dividir contas.
"As pessoas escolhem morar
juntas, normalmente, para dividir despesas ou vontade de compor família".
É aí que a idade conta. "Depois dos 50, quem tem família e patrimônio
formados pode se presentear com essa oportunidade", reforça a psicanalista
Teresa Creusa. A convivência com os filhos é fator dos mais importantes para
decidir por casas separadas. "Hoje é cada vez mais comum os mais jovens
não terem condições de morar longe dos pais, pois além do mercado de trabalho
estar muito competitivo, eles tendem também a voltar para casa após a falência
de seus casamentos ", argumenta Teresa. Na contramão da norma social que
pressiona os namorados para o casamento, quem acumulou seus bens ao longo da
vida sofre pressões da família para não misturar patrimônio com relacionamento.
Só que o Novo Código Civil facilitou quem deseja assumir o compromisso sem
dividir o lar.
A união estável, quando notória, se tornou motivo para divisão
de bens, mesmo sem haver casamento. Fazer com que os novos arranjos em casas
separadas dêem certo exige criatividade, principalmente, quando se vive com os
filhos. Como no caso de uma amiga de Teresa que mora perto do namorado porque
divide o apartamento com a filha. Ela aproveita as vezes em que a filha vai
dormir fora para poder conviver com o namorado em sua própria casa. Apesar dos
desafios para conseguir momentos íntimos, para os adeptos das casas separadas,
troca-se quantidade de convivência por qualidade. É o que confirma Teresa,
ressaltando que as opções são múltiplas e o que vale é cada um escolher o que
acha melhor para si.
2 comentários:
No seu caso seria uma benção para esposa. Coitada! Não teria que aguentar essa cara feia diariamente. Amaém. Heitor Gomes.
Sou adepta de banheiro separado, se pudesse,quarto tbém,é bom ter um espaço só seu.
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