AGENDA CULTURAL

26.1.12

Casamento é bom, em casas separadas pode ser ainda melhor

Por Simone Muniz     

    

Aos 15, cadê o namorado. Aos 25, quando é o casamento. Aos 30, e o nenê, quando vem? Felizes os que passaram dos 50 e, livres das pressões sociais e com uma situação financeira mais definida, podem optar pelo tipo de arranjo mais adequado. Manter um relacionamento estável mas morar em casas separadas é uma alternativa cada vez mais cobiçada pelos casais. Fora o peso no orçamento, quem vive a experiência garante que as vantagens são muitas. Preserva-se o compromisso, sem abrir mão da liberdade.

"Intimidade e respeito não dependem do espaço físico", afirma o casal Teodoro Schimidt, de 73 anos e Teresa Creusa de Góes Monteiro Negreiros, de 61 anos. Ele, arquiteto, e ela, psicanalista. Para Teresa, dividir os ambientes de maneira forçada desgasta o relacionamento. "Ao separarmos o espaço físico e mantermos a proximidade dos apartamentos, evitamos uma enorme quantidade de contrariedades e prestamos atenção apenas no que é importante para os dois, sejam os prazeres ou as dores", afirma.

Ao ser questionado porque optou por viver separado da amada, Téo brinca que essa é a opção mais "higiênica". Ele se mudou para o bairro de Teresa depois de assumirem o namoro e conta que sente falta dos mimos que tem a casa da mulher, como a arrumação e a comida bem feita. Ainda assim, para ele, morar separado é questão tanto de comodidade quanto de personalidade. Por exemplo, ele usa o escritório para projetos profissionais. Gosta de trabalhar até tarde e, às vezes, descansar no meio do dia.

"Quando fui casado, tive a experiência de me distrair na presença da mulher e ter a atenção exigida em momentos que precisava me concentrar, sem que ela percebesse isso, já que ambos estávamos em casa", diz Téo. A sexóloga Regina Navarro Lins também já experimentou a opção de passar um tempo morando em casas separadas e hoje vive sob o mesmo teto com o marido. Para ela, "qualquer maneira de amor vale a pena. É bom poder escolher".

Regina ressalta que morar separado é uma alternativa e não uma solução. "Existem casais de namorados que moram separados e ligam um para o outro a cada minuto, controlam-se mutuamente e não dão espaço para a liberdade", diz. Para ela, intimidade é algo que se desenvolve no plano do afeto. "Pessoas podem morar juntas e não ter nenhuma intimidade", lembra. O engenheiro Alberto, de 61 anos, que prefere não revelar o nome completo, também pensa que separar as casas é uma questão de escolha. "Há 40 anos, seria censurado por querer morar em casas separadas. Hoje, moro com meus filhos e minha namorada vive com os filhos dela. Todos respeitamos o espaço, confiamos um no outro, convivemos bem com as famílias e passamos festas juntos", conta. Morar separado, no entanto, pode ser um luxo, já que juntar trapinhos ou casar significa, normalmente, dividir contas. 

"As pessoas escolhem morar juntas, normalmente, para dividir despesas ou vontade de compor família". É aí que a idade conta. "Depois dos 50, quem tem família e patrimônio formados pode se presentear com essa oportunidade", reforça a psicanalista Teresa Creusa. A convivência com os filhos é fator dos mais importantes para decidir por casas separadas. "Hoje é cada vez mais comum os mais jovens não terem condições de morar longe dos pais, pois além do mercado de trabalho estar muito competitivo, eles tendem também a voltar para casa após a falência de seus casamentos ", argumenta Teresa. Na contramão da norma social que pressiona os namorados para o casamento, quem acumulou seus bens ao longo da vida sofre pressões da família para não misturar patrimônio com relacionamento. Só que o Novo Código Civil facilitou quem deseja assumir o compromisso sem dividir o lar. 

A união estável, quando notória, se tornou motivo para divisão de bens, mesmo sem haver casamento. Fazer com que os novos arranjos em casas separadas dêem certo exige criatividade, principalmente, quando se vive com os filhos. Como no caso de uma amiga de Teresa que mora perto do namorado porque divide o apartamento com a filha. Ela aproveita as vezes em que a filha vai dormir fora para poder conviver com o namorado em sua própria casa. Apesar dos desafios para conseguir momentos íntimos, para os adeptos das casas separadas, troca-se quantidade de convivência por qualidade. É o que confirma Teresa, ressaltando que as opções são múltiplas e o que vale é cada um escolher o que acha melhor para si.

2 comentários:

O Poeta das Multidões disse...

No seu caso seria uma benção para esposa. Coitada! Não teria que aguentar essa cara feia diariamente. Amaém. Heitor Gomes.

Patrícia Bracale disse...

Sou adepta de banheiro separado, se pudesse,quarto tbém,é bom ter um espaço só seu.