Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo do dia 24/3/2012:
Marta Suplicy - senadora - PT-SP
Em 2007, em sua primeira eleição, Nicolas Sarkozy amenizou o discurso elitista, esquecendo as propostas afirmativas depois de eleito.
No Senado, a mesa de convidadas na Comissão de Direitos Humanos sofreu ofensivo e virulento ataque gestual e verbal de manifestantes contra a legalização do aborto.
Na campanha para a prefeitura paulistana, já se ensaiam agressivas manifestações religiosas contra o aborto e os homossexuais. Alguns programas televisivos há tempos fazem essas provocações. São palavras que levam ao ódio. Não agregam nem constroem um mundo melhor.
O Brasil que fique atento.
Marta Suplicy - senadora - PT-SP
A França sempre
foi para mim e para tantos o símbolo da cultura e do acolhimento
humanitário a perseguidos e exilados. Nos últimos anos, acompanhamos o
crescimento da intolerância aos imigrantes, o abandono da periferia
parisiense -onde a maioria da segunda e da terceira gerações de
imigrantes mora sem ser incorporada à cidadania plena-, o aumento no
número de políticos de direita xenófobos e o acirramento desse tipo de
debate nas eleições.
Em 2007, em sua primeira eleição, Nicolas Sarkozy amenizou o discurso elitista, esquecendo as propostas afirmativas depois de eleito.
No atual pleito,
em desesperada tentativa de vencer o candidato socialista e tendo que
recuperar o apoio da direita, aproximou-se do discurso anti-imigração da
candidata Marine Le Pen. O discurso político racista validou a
violência contra o diferente.
As mortes de um
rabino e de três crianças judias nesta semana, por um franco-argelino
muçulmano fanático, assustaram o mundo e podem levar o desgastado
presidente à vitória. Se o assassino fosse um imigrante revoltado com a
falta de oportunidades e com a discriminação, o socialista François
Hollande aumentaria sua já boa chance de vitória. Não foi assim. Deu-se o
que um jornalista do "Le Monde" preconizou há dias: "Somente um fato
extraordinário" poderia levar Sarkozy à reeleição.
Na França, os
caminhos da intolerância, a banalização dos insultos antes exclusivos da
extrema-direita, do fanatismo religioso e do ódio ao diferente assustam
pela lembrança de cenas que estão ficando comuns no Brasil. Nós não
vivemos o terrorismo como tantas nações, mas estamos enfrentando
situações que extrapolam o limite entre civilização e barbárie. O
Brasil, país até pouco protegido do fanatismo, vem convivendo com o
aumento de casos de assassinato e de violência contra homossexuais em
lugares de visibilidade e até mesmo em pequenas cidades.
Nesta semana,
foi noticiado o espancamento, em uma escola no Rio Grande do Sul, de um
jovem de 15 anos, por revelar sua orientação sexual. Foram também presos
dois homens por incitar, pela internet, crimes de ódio e violência. A
página foi denunciada por 70 mil internautas -bateu recorde de
participação pública.
No Senado, a mesa de convidadas na Comissão de Direitos Humanos sofreu ofensivo e virulento ataque gestual e verbal de manifestantes contra a legalização do aborto.
Na campanha para a prefeitura paulistana, já se ensaiam agressivas manifestações religiosas contra o aborto e os homossexuais. Alguns programas televisivos há tempos fazem essas provocações. São palavras que levam ao ódio. Não agregam nem constroem um mundo melhor.
O Brasil que fique atento.
Um comentário:
Liberdade e igualdade. Há quem as onsidere o bem mais valioso da sociedade. Concordo com quem diga que é a justiça. Se ela nao garantir as duas citadas, como dizia o joaquim, da venda: necas de pitibiribas. E pelo jeito....
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