AGENDA CULTURAL

23.3.12

Tudo está mais fácil


Hélio Consolaro*


Assistindo a um programa de tevê sobre a tecnologia ajudando o trabalho a distância, descobri que sou um executivo moderno, porque posso exercer a minha função de secretário municipal de Cultura a qualquer hora, basta parar o carro, se eu estiver em movimento; ou dar ocupação à minha insônia.

Para eu discutir um assunto, deliberar, orientar decisões, não preciso de minha escrivaninha. Exagerando na hipérbole, pode ser na mesa de um bar.

De manhã, me levanto. E eu acordo cedo, mais tardar, 6h, já vejo e-mails, e respondo a todos. Nessa hora, mais passo mensagem do que recebo, pois vou escrevendo a cada dirigente da secretaria meus recados. Faça isso, faça aquilo.  Eles sabem que depois da refeição matinal, a primeira ação é ligar o computador, onde estiver, para verificar mensagens.

Não era assim quando o prefeito Cido Sério (PT) chegou à Prefeitura. Encontramos computadores desatualizados, sucateados. Na Secretaria Municipal de Cultura, havia apenas duas máquinas, abria-se e-mail esporadicamente. Uma morosidade. Chegamos com a filosofia de blogs, MSN, redes sociais. Apesar de idade provecta, gosto da modernidade.

O prefeito é ligado à internet, mas gosta mesmo de celular, principalmente dos torpedos. Pega o sujeito em qualquer lugar. Nossos aparelhos corporativos são bem simples, mas recebem e passam mensagens e telefonemas. No começo, eu não era dado a recados escritos pelo celular, hoje estou integrado.

Meu aparelho celular, pessoal, é um Iphone, por ele acesso a internet tranquilamente, deixo recados, leio e-mails, mando meus textos para os jornais. Só não é possível compô-los. Como os tabletes, os celulares são mais para os consumidores e não produtores de conteúdo. Ainda não consigo teclar num notebook, porque sou datilógrafo à antiga, digito com os 10 dedos, preciso de um teclado mais confortável.

Nessas máquinas, nós trabalhamos e nos divertimos. A máxima do mestre Masaharu Taniguchi de que o homem encontrou o equilíbrio quando não sabe mais distinguir se está trabalhando ou se divertindo tem mais chance de se concretizar com a tecnologia.

Agora com meus arquivos nas nuvens, sejam eles pessoais ou oficiais, posso acessá-los em qualquer máquina, inclusive no Iphone, trabalhar fora do local de trabalho ficou muito mais fácil. Posso despachar sentado num banco de jardim.      

Ficará muito mais fácil quando a burocracia oficial, isso deve começar pelo Judiciário, se livrar do papel, daqueles autos monstruosos. Quando eles caem às minhas mãos, sinto o atraso da gestão pública. Vai ser difícil acabar com isso, porque os burocratas dificilmente abrirão mão de seu poder, cortarão em sua própria carne. Eles se fazem de imprescindíveis. Vai precisar de uma revolução.

Apesar de todo esse meu apego à nova tecnologia, tenho consciência de que o ser humano na sua essência continua o mesmo, ainda estamos na caverna (nem sei se sairemos dela) em termos de sentimentos, emoções: ainda matamos por amor. Quer ferocidade maior?

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de Araçatuba

Um comentário:

Unknown disse...

Transformei minhas aulas do fundamental e da educação infantil em momentos muito mais ricos e atraentes desde que me dei de presente um notebook. Hoje não tenho mais cadernos disso ou daquilo, tudo está no note, fácil e simples, ao meu alcance. Ontem, Dia Mundial da Água, apresentei aos meus alunos algo que eles nunca tinham visto tão de perto: o mar. E muitos não conheciam o rio São João, que abastece nosso município. Foi uma aula incrível! Faço relatórios diários de acompanhamento do desenvolvimento dos meus alunos, com agilidade e sem stress. Sem dúvida, hoje o trabalho ganhou em tempo e qualidade, com o uso da tecnologia. Parabéns pelo texto e como eu digo para meus alunos:"Continue assim!" rsrs Ah, só uma observação: eu uso um mouse pequeno, pois também não gosto do touch.