Assistindo
a um programa de tevê sobre a tecnologia ajudando o trabalho a distância,
descobri que sou um executivo moderno, porque posso exercer a minha função de
secretário municipal de Cultura a qualquer hora, basta parar o carro, se eu
estiver em movimento; ou dar ocupação à minha insônia.
Para
eu discutir um assunto, deliberar, orientar decisões, não preciso de minha
escrivaninha. Exagerando na hipérbole, pode ser na mesa de um bar.
De
manhã, me levanto. E eu acordo cedo, mais tardar, 6h, já vejo e-mails, e
respondo a todos. Nessa hora, mais passo mensagem do que recebo, pois vou
escrevendo a cada dirigente da secretaria meus recados. Faça isso, faça aquilo.
Eles sabem que depois da refeição
matinal, a primeira ação é ligar o computador, onde estiver, para verificar
mensagens.
Não
era assim quando o prefeito Cido Sério (PT) chegou à Prefeitura. Encontramos
computadores desatualizados, sucateados. Na Secretaria Municipal de Cultura,
havia apenas duas máquinas, abria-se e-mail esporadicamente. Uma morosidade.
Chegamos com a filosofia de blogs, MSN, redes sociais. Apesar de idade
provecta, gosto da modernidade.
O
prefeito é ligado à internet, mas gosta mesmo de celular, principalmente dos
torpedos. Pega o sujeito em qualquer lugar. Nossos aparelhos corporativos são
bem simples, mas recebem e passam mensagens e telefonemas. No começo, eu não
era dado a recados escritos pelo celular, hoje estou integrado.
Meu
aparelho celular, pessoal, é um Iphone, por ele acesso a internet
tranquilamente, deixo recados, leio e-mails, mando meus textos para os jornais.
Só não é possível compô-los. Como os tabletes, os celulares são mais para os
consumidores e não produtores de conteúdo. Ainda não consigo teclar num
notebook, porque sou datilógrafo à antiga, digito com os 10 dedos, preciso de
um teclado mais confortável.
Nessas
máquinas, nós trabalhamos e nos divertimos. A máxima do mestre Masaharu Taniguchi
de que o homem encontrou o equilíbrio quando não sabe mais distinguir se está
trabalhando ou se divertindo tem mais chance de se concretizar com a
tecnologia.
Agora
com meus arquivos nas nuvens, sejam eles pessoais ou oficiais, posso acessá-los
em qualquer máquina, inclusive no Iphone, trabalhar fora do local de trabalho ficou
muito mais fácil. Posso despachar sentado num banco de jardim.
Ficará
muito mais fácil quando a burocracia oficial, isso deve começar pelo Judiciário,
se livrar do papel, daqueles autos monstruosos. Quando eles caem às minhas mãos,
sinto o atraso da gestão pública. Vai ser difícil acabar com isso, porque os
burocratas dificilmente abrirão mão de seu poder, cortarão em sua própria
carne. Eles se fazem de imprescindíveis. Vai precisar de uma revolução.
Apesar
de todo esse meu apego à nova tecnologia, tenho consciência de que o ser humano
na sua essência continua o mesmo, ainda estamos na caverna (nem sei se sairemos
dela) em termos de sentimentos, emoções: ainda matamos por amor. Quer
ferocidade maior?
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba
Um comentário:
Transformei minhas aulas do fundamental e da educação infantil em momentos muito mais ricos e atraentes desde que me dei de presente um notebook. Hoje não tenho mais cadernos disso ou daquilo, tudo está no note, fácil e simples, ao meu alcance. Ontem, Dia Mundial da Água, apresentei aos meus alunos algo que eles nunca tinham visto tão de perto: o mar. E muitos não conheciam o rio São João, que abastece nosso município. Foi uma aula incrível! Faço relatórios diários de acompanhamento do desenvolvimento dos meus alunos, com agilidade e sem stress. Sem dúvida, hoje o trabalho ganhou em tempo e qualidade, com o uso da tecnologia. Parabéns pelo texto e como eu digo para meus alunos:"Continue assim!" rsrs Ah, só uma observação: eu uso um mouse pequeno, pois também não gosto do touch.
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