Hélio
Consolaro*
Confesso que
não ia abordar o assunto Demóstenes Torres (DEM) no blog, senador que é acusado
de envolvimento com Carlinhos Cachoeira. O parlamentar é membro do Ministério
Público do Estado de Goiás.
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Aliás,
Cachoeira se tornou ultimamente substantivo masculino e nome próprio na mídia.
Há muita gente que foi tomar banho de cachoeira e se danou. Nos domínios de
Xangô e Ogum tal procedimento tira tudo o que há de mal do corpo. Tomar banho
de cachoeira em Goiás é nadar em dinheiro.
Nem os nomes gregos, parnasianos, estão ilesos
em nosso parlamento. Demóstenes (em 384 a.C. — 322 a.C.) foi um excelente
orador e político de Atenas.
Temos lá
também o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB), delegado licenciado da
Polícia Federal, que se projetou no combate à corrupção, Operação Satiagraha. Protógenes na Grécia antiga foi um pintor.
Tenho uma
amiga em Araçatuba que ligava a TV Senado só para ouvir Demóstenes Torres e
suspirava diante de sua oratória: “Como seria diferente se todos fossem iguais
ao senador Demóstenes Torres”. Parece que o vaticínio se concretizou.
Este
croniqueiro não ia falar nada de Demóstenes Torres, como disse no início, até
que o caso virou assunto de família. Recebi um telefonema de meu filho,
Meninão, que hoje mora em Goiás, e trabalha na UFG.
- Filho, seu
estado está em evidência na televisão, hein!
E ele
respondeu:
- É pai, o
pior é que votei nesse cara.
Houve um
silêncio telefônico entre nós. E ele continuou:
- O cara
aqui tinha moral, tido como sério, defensor da ética.
Quase disse
a ele que em todos os partidos há gente boa, mas em alguns, isso é uma
raridade, mas me calei para não fazer proselitismo com o próprio filho. E
desligamos.
Depois da
conversa, me lembrei de um livro, que não li: “Pai rico, filho nobre, neto
pobre”. E fiz uma paródia com a minha situação: “Pai de esquerda, filho nem tanto, neto ...” (nem quero pensar).
Não me
decepciono com mais nada, não prego o niilismo, apenas sou cético e considero
que o ser humano é uma caca. A vida de ninguém aguenta uma CPI, não
somos este santo que tanto estimamos.
Defendo o
voto e a democracia, apesar de tudo. É a melhor forma de nos organizar. Votar é
assumir riscos, não votar é ser Pôncio Pilatos, lavar as mãos. Como se diz na
linguagem chula: “tirar o seu da reta”. Votar nulo ou em branco é não acreditar
na democracia.
Meninão, meu
filho, é professor universitário, gente bem informada, facilmente enganada pela
aparência, como toda a classe média. Preferiu como candidato a pose, a voz bem empostada, um nome da antiguidade. E votou no cara. Quebrou a cara. Na próxima
eleição, vai mudar os critérios.
Apenas estou
registrando o fato com um pouco de picardia para divertir leitores e navegar
bem neste vale de lágrimas. Levar a vida a sério é pra gente besta.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal
da Cultura de Araçatuba-SP
Um comentário:
Prezado Hélio: para o meu irmão mais velho aqui de Recife, também está sendo uma grande decepção.
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