Hélio
Consolaro*
Publicado no jornal O LIBERAL, de 23/6/2012
Publicado no jornal O LIBERAL, de 23/6/2012
Sempre
defendi a Erundina dos ataques preconceituosos, principalmente quando era
prefeita de São Paulo, e continuo nessa cruzada, mas ela pisou na bola ao
abandonar a sua candidatura de vice-prefeita de Fernando Haddad em São Paulo,
mas continuo na sua defesa como nordestina, mulher, etc.
Erundina
pertence ao segmento da sociedade que transfere a ética pessoal para a política,
quando esta tem uma dinâmica própria. Ao descobrir Mahatma Gandhi, li um de
seus princípios: “Não podemos ser escravos da coerência” e vibrei. E Raul Seixas
completou com a música “Metamorfose ambulante”. A realidade muda.
Durante
a campanha eleitoral, quem ia elogiar quem? Maluf falaria bem de Haddad e de Erundina,
não era a ex-prefeita que precisava elogiar o ex-governador paulista. Era um
ex-partidário da ditadura (meio rebelde) que ia apoiar as forças democráticas,
vencedoras na política brasileira. A hegemonia estava com as forças
progressistas. Então, por que temer?
Em
política, não pode existir a birra infantil: com ele não brinco mais, por isso
durante os embates políticos se faz necessária a moderação, porque o futuro é
uma incógnita. A atitude de Erundina revela como eram os petistas da década de
80 e 90, não faziam alianças, achavam que iam governar sozinhos, sem costurar
governabilidade com toda a sociedade.
Exemplo
disso ocorreu em 1996, quando o PT de Araçatuba não participou das eleições,
porque o diretório municipal foi impedido pelo estadual de fazer aliança com o
PTB, do Arlindo Ferreira Batista.
Erundina
se esqueceu de que Lula só chegou à presidência quando costurou alianças
significativas. As coligações são feitas com diferentes, a convergência se
constrói com proposta política e plano de governo. Aliás, ela foi vítima desse
puritanismo petista quando se rebelou para ser ministra do então presidente
Itamar Franco.
Embora
não gostemos, Paulo Maluf ainda é uma carta no baralho, meio surrada, cheia de
marcas, mas continua no jogo. Fernando Haddad não é uma figura conhecida,
pertence à intelectualidade paulista, não possui raízes populares como Erundina
e Maluf. Lula conseguiu aglutinar dois
ex-prefeitos. Além disso, Haddad tem origem árabe e o PT sempre apoiou a causa
palestina.
Certamente,
o tucano assentou no quintal da ex-prefeita, cobrou-lhe coerência e ela
visualizou manchetes negativas da revista Veja e o jornal Estadão, não foi tirar
a foto significativa para a campanha eleitoral, mas o seu partido continua
apoiando Fernando Haddad.
Infelizmente,
a impoluta Erundina só pensou em si, não quis ajudar na construção da vitória,
embora o PSB continue na coligação. Não tem nada, não! A vitória ficou apenas
mais trabalhosa, mas virá.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba-SP
2 comentários:
Na politica não existe mais idealismo e sim interesses pessoais. O fisiologismo tornou se patológico. Infelizmente. Heitor Gomes.
Trata-se de uma posição de conveniência, senhor Consolaro. Lula tornou-se uma piada de si mesmo. Um arrogante. A sanha com que atacam o poder pelo poder é patética. Qual o plano para o Brasil para os próximos 20 anos?
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