Fotografei o carrinho de pipoca porque ele me remete à infância no bairro Santana, em Araçatuba. Escrever sobre isso aqui faz com que o leitor me conheça melhor, provavelmente, se conheça melhor pela mimese, pela recordação.
Ele é sinal de uma época, algo que restou e ainda está em uso numa praça. Um museu volante que me faz lembrar as marcas que a cidade deixou em mim, uma tatuagem invisível.
Ao sair da escola, eles me faziam os olhos brilharem: pipoca, amendoim torrado em vagem, caixa de surpresas, pirulitos, toda sorte de coisas. O pipoqueiro dava sentido aos níqueis que os adultos jogavam às crianças. Numa época sem cantinas escolares e merenda escolar.
Geralmente, o pipoqueiro era um idoso, uma viúva ou um portador de deficiência, sem aposentadoria, que ganhava a sua vida minguada vendendo bobageira às crianças.
Pipoqueiro é lembrança boa de minha infância, apesar da pobreza. Meus pais não deixaram que ela nos destruísse.
Um comentário:
carrinho de pipoca, e o famoso carrinho de quebra-queixo, daquele velho senhor (baiano) que fazia doces como ninguém.
Postar um comentário