AGENDA CULTURAL

9.7.12

Carrinho de pipoca - pipoqueiro


Fotografei o carrinho de pipoca porque ele  me remete à infância no bairro Santana, em Araçatuba. Escrever sobre isso aqui faz com que o leitor me conheça melhor, provavelmente, se conheça melhor pela mimese, pela recordação.

Ele é sinal de uma época, algo que restou e ainda está em uso numa praça. Um museu volante que me faz lembrar as marcas que a cidade deixou em mim, uma tatuagem invisível. 

Ao sair da escola, eles me faziam os olhos brilharem: pipoca, amendoim torrado em vagem, caixa de surpresas, pirulitos, toda sorte de coisas. O pipoqueiro dava sentido aos níqueis que os adultos jogavam às crianças. Numa época sem cantinas escolares e merenda escolar.

Hoje, com cantinas e merenda escolar gorda nas escolas, os pipoqueiros são tratados como o introdutor das drogas nas escolas, tornando-se um complicador na educação das crianças, mas na minha infância, ele não era professor e fazia parte do processo educacional, por ele aprendi a comprar e a conferir o troco.Também por ele, descobri que era pobre, pois nem sempre tinha moedas para satisfazer meu olho grande.

Geralmente, o pipoqueiro era um idoso, uma viúva ou um portador de deficiência, sem aposentadoria, que ganhava a sua vida minguada vendendo bobageira às crianças. 

Pipoqueiro é lembrança boa de minha infância, apesar da pobreza. Meus pais não deixaram que ela nos destruísse.

Um comentário:

Anônimo disse...

carrinho de pipoca, e o famoso carrinho de quebra-queixo, daquele velho senhor (baiano) que fazia doces como ninguém.