Recebi de presente "Clarice na cabeceira", editora Rocco, do comunicador Réggis Antônio, que li ao longo do tempo, porque crônicas se lê no tempo de uma sentada no vaso sanitário.
Reparto com os leitores uma série de informações sobre a escritora brasileira. Na primeira tentativa de leitura de livros da Clarice, não gostei. Não continuei, porque eu ainda não tinha uma leitura do mundo. Só fui entendê-la, gostar de seus livros, depois de meus 30 anos.
Clarice se meteu a fazer crônicas (ela era contista e romancista) por necessidades econômicas, depois da separação de seu marido. Nesse gênero curto, com resultado financeiro a curto prazo, fez que ela também se revelasse uma ótima cronista. Nesse período difícil, ela também foi jornalista e usou pseudônimos.
SINOPSE DA EDITORA
Capa do livro |
Reunião de vinte textos escolhidos por convidados afeitos à obra de
Clarice Lispector, Clarice na cabeceira apresenta uma leitura
selecionada de narrativas curtas publicadas entre 1962 e 1973, na
revista Senhor e no Jornal do Brasil, e posteriormente agrupadas nos livros A descoberta do mundo e Para não esquecer.
Abordando temas tão diversos quanto as memórias da infância, a vida, a
morte, o amor, o ato de escrever, o silêncio, a maternidade e a
indignação, as crônicas ganham sabor especial quando apresentadas por
amigos e admiradores de Clarice, que compartilham o impacto da escritora
e de sua obra em suas vidas, como Eduardo Portella, Ferreira Gullar,
Marília Pêra, Maria Bonomi e Naum Alves de Souza, entre outros. Com
organização de Teresa Montero, autora de Eu sou uma pergunta – Uma biografia de Clarice Lispector, publicada pela Rocco, Clarice na cabeceira
é a oportunidade de conhecer “perfeitos momentos da literatura
brasileira moderna, perfeitos momentos da vida nas palavras, perfeitos
momentos”, como descreve Caetano Veloso ao falar sobre o sentimento que a
leitura de Clarice provoca.
Assim, cada crônica é uma introdução não só ao universo literário de
Clarice Lispector, mas à mulher que, em suas próprias palavras, nasceu
para amar os outros, para escrever e para criar os filhos, tema da
extraordinária “As três experiências”. O texto é apresentado por Lygia
Fagundes Telles, que oferece ao leitor uma belíssima e emocionante
homenagem à Clarice, em uma crônica na qual relembra a amizade das duas e
a experiência vivida na noite em que a escritora faleceu. Já em “Morte
de uma baleia”, escolhida por Silviano Santiago, duas baleias
encalhadas, uma no Leme e outra no Leblon, praias da Zona Sul carioca,
são o mote para que Clarice discuta a mortalidade – a sua e a dos
outros.
Temas mais leves, mas igualmente pertinentes à reflexão sobre o estar no
mundo desde a mais tenra idade também estão presentes, como em “Banhos
de mar”, opção de Aparecida Maria Nunes na qual uma extasiada Clarice
relembra as idas à praia antes do sol nascer junto com o pai, na Olinda
de sua infância; e em “Cem anos de perdão”, selecionada por Naum Alves
de Souza, em que a escritora sentencia que ladrões de rosas e pitangas -
como a menina que ela foi em Recife – têm cem anos de perdão.
Roteirista e mestre em Literatura Brasileira com uma dissertação sobre
Clarice, Lícia Manzo, autora publicada pela Rocco, relembra como a
descoberta da obra da escritora a fez sentir acolhida em sua inadequação
adolescente. Sua escolha, apropriadamente, é “Se eu fosse eu”, um
fragmento sobre a árdua legitimação de ser quem se é. O autoconhecimento
está presente também em “As caridades odiosas”, apresentada por Rosiska
Darcy de Oliveira, uma brutal análise dos sentimentos humanos, do amor à
compaixão, passando pela vergonha e pela raiva. O mesmo mote, abordado
com mais humor, perpassa “Mal-estar de um anjo”, selecionada por Joaquim
Ferreira dos Santos, quando um simples ato de generosidade se
transforma em arrependimento da caridade praticada.
A paixão pelos filhos Pedro e Paulo, grandes amores da vida de Clarice,
aparecem em “Come, meu filho”, que tem apresentação de Bianca Romaneda, e
“O caso da caneta de ouro”, escolha de Ferreira Gullar na qual a reação
de cada um dos meninos diante da possibilidade de herdar uma caneta de
ouro da mãe permite à autora conhecer melhor suas crianças. Há ainda
“Lição de filho”, sugerida pela escritora Thalita Rebouças, comovente
crônica sobre como o filho adolescente ajuda Clarice a lidar com suas
emoções.
A Editora Rocco doou uma coleção das obras completas de Clarice
Lispector para cada uma das bibliotecas indicadas pelos leitores
convidados.
A Rocco lançou uma caixa de Clarice Lispector com o título deste livro: "Clarice na cabeceira" |
O vídeo abaixo traz, na íntegra, a conferência de José
Miguel Wisnik sobre Clarice Lispector realizada no dia 10 de dezembro de 2011,
no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro. Nesse dia, comemorou-se a data
de nascimento da escritora (1920-1977) em uma série de eventos intitulada Hora
de Clarice. Ao lado de outras várias instituições, o IMS também prestou sua
homenagem na ocasião. Wisnik é ensaísta, professor de literatura brasileira na
USP e compositor e falou no IMS sobre importantes obras da escritora, como
Laços de família, A legião estrangeira e A hora da estrela.
2 comentários:
Caro Hélio Consolaro,
Seu blog me foi indicado pelo amigo e poeta José Hamilton da Costa Brito. Nós brincamos de poesia nos Grupos "Alhos e Bugalhos" e no "Sarau Libertário"; Estou aqui porque sou também blogueiro e adorei seu blog. O meu começou também com variedades, mas o objetivo final dele era mesmo a Doutrina Espírita e agora que já tenho um "certo público cativo" de aproximadamente 3.000 acessos diários, fiquei com o espiritismo, artes, cultura, meio ambiente, livros em pdf, etc. Mas seu blog é gostoso de ser lido, desce macio, redondo. Um prazer que eu vou repetir sempre.
Um abraço!
O amigo José Hamilton me falou de você, que secretário de Cultura de um município de Minas. Vamos trocar figurinhas, pois exerço a mesma função em Araçatuba-SP.
Meu e-mail: conselio@gmail.com
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