Hélio Consolaro*
Antigamente, a Prefeitura
de Araçatuba, como todas as demais, se resumia a fazer obras. Houve prefeitos
que gostavam de estar de manhã no almoxarifado (ruas Rangel Pestana com a
Marcílio Dias) para orientar os trabalhadores da municipalidade que saíam para as obras. Eles eram síndicos.
Não havia creches, nem
sistema municipal de ensino. Secretaria Municipal de Saúde, nem pensar. O poder público não chamava para
si as responsabilidades sociais. Para se submeter a alguma cirurgia,
pagava-se ou era atendido no “salão”,
como indigente. Dependendo da
misericórdia da Santa Casa. Imagine se naquela época se pensava em Secretaria
Municipal de Cultura.
Nesse modelo de
administração, Aureliano Valadão Furquim foi um ótimo prefeito. Em 1938, foi nomeado por Adhemar de Barros
como interventor de Araçatuba. Seu primeiro plano foi asfaltar a cidade. Araçatuba
passou a ser chamada de “Cidade do Asfalto”, pois era a segunda do
interior paulista a adotá-lo como
calçamento, se juntando a Campinas e São Paulo. Araçatubenses passaram a
se orgulhar da cidade onde moravam.
Em 1952, Valadão voltou à
prefeitura, eleito pelo povo. Fala-se que ele emprestava dinheiro ao município, numa época em que não se cogitava a Lei de Responsabilidade Fiscal. Apesar de toda as suas virtudes
administrativas, Valadão não se elegeu deputado estadual e terminou sua carreira política como
vereador.
Hoje, o prefeito de uma
cidade precisa ser um grande articulador
para que haja uma sincronia das forças políticas e econômicas do município.
Não basta ser popular, precisa ter propostas que atendam à população em suas necessidades, não só maquiar a área central.
Além de zelar pelo centro
urbano, o prefeito na atualidade precisa ter os olhos voltados para a
população mais pobre, porque sem a
proteção do poder público, sucumbe. Não se trata de praticar o
assistencialismo, mas promover a inclusão social.
Se Valadão não tinha uma
periferia, pois 90% da população morava
na zona rural; Cido Sério administra uma
enorme área periférica, tanto
geográfica como social, porque o
êxodo rural já se consolidou. Menos de 10% moram fora do perímetro urbano.
Se o asfalto foi cobrado
dos moradores, atualmente, ele é
oferecido sem o pagamento de contribuição de melhoria. Antigamente, até o
recapeamento era cobrado dos munícipes
beneficiados.
Araçatuba continua sendo a
cidade com muito asfalto, mas esteve com ele todo esburacado, porque foi
realizado sem nenhum cuidado com a
qualidade por prefeitos anteriores.
Atualmente, ao ver o
recapeamento feito nas ruas de Araçatuba, lisinho, com boa espessura, os
araçatubenses voltaram a se orgulhar de morar em Araçatuba, de chamá-la de
Cidade do Asfalto.
Não basta ter uma cidade
para chamá-la de sua, precisa-se estar satisfeito com ela. Ter orgulho de
mostrá-la aos visitantes. Cultivar o
sentimento de pertença. Nestes 104 anos, temos muito a comemorar. Celebremos
Araçatuba.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de
Araçatuba.
Um comentário:
Ótima matéria meu amigo Hélio...
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