Durva – um exemplo

 Hélio Consolaro*

 

Não sou sujeito de escrever loas, mas não posso correr dos elogios  a uma pessoa  que conheço há tempos. Se há um pecado que ela comete contra si mesma é ser exageradamente  discreta.

Militante da juventude católica na década de 60, sempre fiel aos princípios democráticos, é militante política de longa data. Aposentou-se como professora, continua como militante sindical da Apeoesp. Não quis só ensinar História, fazê-la também foi sua missão.

Na década de  80, foi Diretora da Divisão de Promoção Social do governo Franco Montoro, quando a repartição ficava na rua Almirante  Barroso. Não é uma neófita.

Há gente que entra tímida na política e sai dela  extrovertida, falante, com jeito demagógico. Não é o caso de nossa homenageada de hoje.

Há vereadores que não se reelegeram, por isso tentaram  arrumar  culpados. Há até quem se revolte com o prefeito, tentando fazer as últimas chantagens do mandato. Gente pequena, mas com certeza, não quis ser grande.

Este blogueiro disse uma vez que a vereadora Durvalina Garcia era “muito educada” com os adversários. Se fosse ele, já havia distribuído botinadas por todos os lados.

A sua fala é politicamente correta, não se exalta, até parece uma pessoa fria, sem emoção. Fala a expressão “políticas públicas” para o eleitor mais simples. Só a família sabia o quanto sofria com as sessões da Câmara Municipal.  Essa atitude apolínea a distanciava  da massa que quer a emoção à flor da  pele. O povo gosta dos dionisíacos.

Durvalina é uma pessoa que leva muito em consideração as relações, as amizades anteriores. Conversava demais com a vereadora Edna Flor, com o vereador Arlindo Araújo (ambos PPS) nesta última legislatura, tentava  trazê-los para a sua posição. Os três estiveram juntos fazendo oposição ao então prefeito Maluly  Neto.

Perdeu a reeleição para vereadora no pleito de 2012, não ouvi um resmungo de sua boca. Continua participando do partido. Foi à sessão de diplomação dos eleitos para prestigiar colegas e o prefeito Cido Sério e o vice Carlos Hernandes. Para ela ter um mandato é um acidente de percurso na vida de um militante político, não é tudo.

Apesar da derrota, fez  a última plenária de seu mandato no sábado, 14/12/2012, quando reuniu quase 150 pessoas. Não deixou o serviço pela metade, quis cumprir até última etapa. Não se enfureceu.

Pessoas com esse tipo de personalidade, firme nos seus propósitos são uma raridade nos dias atuais. Pode-se até discordar dela, mas tem o respeito de todos.

Durva será substituída pela Beatriz Nogueira (PT), outra geração, com outro perfil. Petista que pegou a democracia brasileira pronta, que era criança na campanha das Diretas Já. Tão nova quanto o Partido dos Trabalhadores.

Parabéns, Durvalina Garcia, por sua conduta. Talvez até coerente demais, como já ouvi dizer: “uma mulher de brio”. Parabéns, Beatriz Nogueira, pela vitória. Que sua juventude e afoiteza construa um PT mais aguerrido na Câmara Municipal de Araçatuba, mas nunca menos ético do que foi com a Durvalina Garcia.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.  Atualmente é exerce a função de secretário municipal de Cultura de Araçatuba