AGENDA CULTURAL

23.12.12

Ser vereador

Cabelo preto, até parece tingido. Com esse paletó, passei o mandato todo. Claro, usava-se a farda apenas nas sessões solenes
O casal amigo, Cristiano e Dita, me presenteou com essa foto antiga. Certamente, eu estava numa sessão solene quando era vereador (1983-88), 9.ª Legislatura de Araçatuba. Não era melhor, nem pior do que a legislatura atual. Quem diz que antigamente era melhor é apenas um saudosista.

A oposição ficava boquejando, e a situação em silêncio, votando a favor do prefeito que, na época, era Sidney Cinti e depois Válter Tinti. Como aconteceu na última sessão extraordinária, 21/12/2012.

Vereadores da oposição chegavam (e eu era um deles) perguntavam: "que tem do prefeito para a gente jogar merda nele!" Hélio Pereira de Souza era o mais bocudo. Synésio de Oliveira Borges mais estudioso. E o Consa sempre trazia gente para a Câmara Municipal para discutir os problemas do povo que o prefeito não resolvia. Quando o projeto era bom, dizíamos: "Não faz mais que a obrigação". Representávamos. Acho que esquecemos as anotações nas gavetas, porque as expressões usadadas pela oposição são as mesmas até hoje. 

De vez em quando, havia um quebra-pau, para tirar o sossego do presidente. No final das sessões, íamos tomar uma cervejinha no Celso Lanches, na rua Marechal. Comer alguma coisa. E havia em cada final de ano, a festinha de confraternização. 

Representávamos. Não éramos adversários. Hoje, parece que há raiva, ódio, a oposição não se limita às formalidades. Se for assim, piorou.   


O parlamento é assim há muito tempo.  E não é só no Brasil. O parlamentar fica cego, só olhando aquilo, que parece ser o centro do mundo, vivendo a pauta 24 horas por dia. Quando saí de lá, percebi que a população não estava nem aí com aquelas discussões. 

Apesar desse teatro, o parlamento é necessário, tem responsabilidades maiores que o judiciário. Nele está a essência da democracia, a pluralidade de opiniões, principalmente quando se discutem temas fora do eixo a favor ou contra o prefeito. Executivo com Legislativo contra não governa.

2 comentários:

Heitor Gomes disse...

Infelizmente os discursos éticos são proferidos com eloquência quando somos oposição. Quando passamos a ser situação e assumimos o poder, o que importa é o fisiologismo e a ganancia, a ética e princípios passam ser ser vã filosofia. Estamos fudidos. Amém!

Anônimo disse...

Penso que o Heitorzinho - o Gomes tem razão em sua assertiva sobre o fatos de estarmos "copulados.....". O que ele não disse é que além de ..... sequer fomos mal pagos, quero dizer, não recebemos qualquer pagamento, mas, como ele disse, estamos "...copulados..." - termo sinônimo ao que ele utilizou.