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Hélio
Consolaro*
Dormir
para muita gente é um ato tão simples, basta encostar a cabeça num travesseiro,
na cama, no ônibus ou num avião. Às vezes, são chamados de anjos.
Os
dorminhocos dizem que os insones têm a consciência pesada, por isso ficam
rolando na cama, pensando nos problemas. Nesse caso, o melhor é não brigar com
a insônia, ir fazer as obrigações: no meu caso, escrever e planejar ações.
Os
dorminhocos são chamados pelos insones de broncos, almas toscas que veem a vida
apenas como problema de subsistência. “Se a dispensa está cheia, por que vou
esquentar a cabeça?”
Entre
autoridades e celebridades, há vários problemas na hora de dormir e formas
extravagantes de enfrentar a insônia. Winston Churchil, por exemplo, tinha duas
camas iguais em seu quarto. Quando não conseguia dormir numa, ia se deitar na
outra. Para não ficar apenas nos homens,
Marilyn Monroe tomava 20 cápsulas de fenobarbital por dia, a fim de acalmar os
nervos e poder dormir.
Os
heróis mais valentes precisam dormir... O travesseiro da presidenta da
República, do governador, do prefeito tem responsabilidades infinitas:
deixá-los prontos para decisões serenas.
A
forma como cada um trata a insônia, ou mesmo tê-la ou não, é o modo como se enfrenta
a vida. Você não sabia, caro leitor, a vida às vezes é um problema, por isso
existe o suicídio.
Muitos
procuram soluções químicas para se acalmar, outros encontram a felicidade nas
igrejas e há também quem procure os psicólogos. Uma multidão significativa vai
convivendo com seus problemas, administrando-os até chegar o momento de
desligar a chave geral.
Apesar
de hiperativo, durmo facilmente, mas quando estou com algum problema para
resolver, o sono desaparece. É uma pena, por que dormindo, meu inconsciente
trabalharia na solução dele; assim dizem os entendidos…
Ou,
então, aquele dia agitado. Preciso me desligar da tomada. Então, apelo: leitura
ou uma lata de cerveja. Adoro as duas. Uísque, vinho, assistir a filmes nem
sempre resolvem minha insônia. Fazer sexo é outro caminho. Em última instância,
ansiolítico. Esse é um placebo infalível.
Também
temos muletas na solução de nossos problemas. Beber e fumar, ou drogar-se, é
forma de enfrentá-los, ou escamoteá-los. Daí a minha bronca com o moralismo
(falso ou verdadeiro), porque ele ignora a causa, joga a culpa do erro apenas
sobre a pessoa. Primeiro, descobrir culpados não resolve problemas; segundo,
boa parte, da origem dos distúrbios quase sempre é social.
Deixemos
de lado o moralismo. Apertemos os miolos e pensemos: por que precisamos dormir,
carregar a bateria? O que parece óbvio, não é tão óbvio assim. Quem nos criou
animais nos programou para o sono também. Trata-se de um relógio biológico ao
qual ainda não temos acesso.
Epa!
O sono chegou. Enganei-o escrevendo sobre ele mesmo. Escrever é catarse, alívio
para alma, é dividir nossos problemas.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba-SP
2 comentários:
Se a dispensa está cheia, porque se preocupar? É muito mais fácil abastecer uma dispensa que lutar para concretizar um sonho. O escrito Paulo Coelho retrata bem isso no seu livro "O Alquimista". Dormir bem é um "privilégio" de poucos. Quanto menos a pessoa idealiza, mais ela "repousa". Vejo as pessoas consideradas pela sociedade como exitosas, e tenho dó. Vivem para comer e beber como gados para o abate. Na aparência estampam frustrações e desencanto, mas camuflam com um visual opulento. Nós estamos aqui nesta vida para procurar o nosso "tesouro", e, aquele que se desencaminha dele, por mais suntuoso que seja seu exterior, sua vida será igual a porcos se preparando a cada dia para o abate.Amém! Amém!
Meu problema de insônia é como dizia
meu pai ao me chamar de Dama da Noite,
eu adoro a noite, o sossego, o silêncio...
Agora qdo se perde o sono,
creio que estamos olhando muito pra fora para sonhar e
só despertamos recarregados qdo olhamos pra dentro.
Boa noite
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